O TREM DO MINEIRO
Mineiro é gente fina,
Mas é mesmo de amargar,
Uma senhora distinta
Esperava o trem chegar
Na estação de Uberaba,
Nisso o trem apita e acaba
Num rangido a estacionar.
A tal madame agitada
E o relógio observando,
Sentiu logo que estava
Nas calcinhas urinando;
Foi ao banheiro depressa
E ao voltar: “Ora essa!”
Viu na curva o trem bufando.
Aflita, abordou um senhor,
Que pitava um cigarro,
Acocorado no chão
Com os pés sujos de barro;
Era um mineiro na certa
E a dama de boca aberta
Contou que perdera o carro.
Chorando a mais não poder
E agitada prosseguiu:
- O senhor não acredita,
A não ser que também viu,
Fui ao banheiro urinar,
Porém agora ao voltar,
Eis que o meu trem partiu.
Mineiro cuspiu e disse:
- Num quero ser enxerido,
Mas chora à toa a patroa
Com o seu triste alarido;
Só esqueceu de ver primeiro,
A Siora entrou no banheiro
E já tinha o trem partido.