BUCHA

Eu me encontrava com um amigo na fila de um hipermercado no caixa de poucos volumes, mas a fila não andava. Dentro do estabelecimento, muita gente, era dia de promoção, do lado de fora dos caixas fila para apostar na mega sena que pagou 85 milhões, muita gente e, para completar, fila para apanhar um pedaço de bolo e um copo de suco ou refrigerante. Era dia do aniversário do estabelecimento. No corredorzinho formado por pequenas gôndolas eu vi uma bucha de uns 15 cms. Peguei-a e perguntei ao meu amigo:

- Seu Arthur, de que lhe lembra isto?

- É uma bucha para tomar banho.

- Então lhe disse: Só que a minha era bem maior. Com uma mão em cada ponta eu esfregava as costas, o pescoço, as pernas, etc. Era mesmo para tirar o “cascão”, pois não se tomava banho diariamente e eu não sinto vergonha em dizer isso. Rsrsrsrsrsr.

- E não se tinha chuveiro elétrico, disse o seu Arthur.

- Eu nem chuveiro eu tinha, tomava banho numa tina ao ar livre quando era verão.

Conversávamos de maneira solta e saudosa e nem percebemos que o pessoal que estava a nossa volta, contemporâneos, prestava atenção na conversa até que um desconhecido, rindo, falou.

- É. Eu também conheci esse tempo, não era fácil não, e, olhe lá, dia de banho era o sábado, a gente só lavava os pés quando ia dormir. Eu também não sinto vergonha de dizer. Rsrsrsrsrsrsrs.

- Fala uma senhora: - Onde se tinha bucha tão grande assim?

- A gente plantava, ficava pendurada na cerca. Esperava secar, tirava a semente e amaciava esfregando em torno de uma superfície abaloada ou em torno de um poste de madeira, já que poste de cimento era coisa rara. A gente se massageava sem saber que aquilo era bom para a circulação sanguínea e alongamento dos braços. Será que hoje se lava as costas como naquela época, não era necessário pedir a outrem para a esfregação.

Outra senhora: - Na feira perto de casa ainda se encontra. Muita gente ainda toma banho com bucha.

Estava formado o clube da bucha e não era a fila dos prioritários, mas todos que lá estavam conheceram a famosa bucha que tinha mil e uma utilidades. Outra utilidade dela era substituir a atual esponja para tomar banho, lavar louça, etc.

Outra senhora falou: É mesmo a gente esquentava um caldeirão de água e tomava banho numa bacia grande de alumínio que também servia para colocar a roupa de molho e a roupa torcida antes de ir ao varal. Rsrsrsrsrsrsr.

Creio que para todos nós do clube da bucha aquele foi um momento de descontração. Todos se manifestaram de uma forma ou de outra e parece que gostaram de recordar umas passagens do passado. Já disse um poeta do povo: “Recordar é viver”. Por que existem pessoas que tem vergonha ou negam certas dificuldades do passado? Sejam descontraídos e vamos em frente olhando para o alto.

Esta é por minha conta, não fez parte do clube da bucha, mas ao amigo que só lavava os pés, vai a anedota.

Mulher perguntando ao marido: - ô marido, ocê vai me usá hoje?

- Não, responde o marido.

- Entonce só vo lavá os pé!

SANTO BRONZATO 27/NOV/2.013.

SANTO BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 27/11/2013
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