O Assalto!!

Chegaram os dois em uma moto já bastante gasta. Maltrapilhos, com o capacete meio folgado e um corpo descarnado.

Vinham cheios da miséria humana que pretendiam distribuir. Olhos fundos, vazios. Arma em punho, o garupa desceu meio trêmulo, anunciando a troca.

Para os primeiros a carteira, os cartões, celulares, documentos e os instrumentos de trabalho que não lhes servirão. Para o outro uma sensação estranha, não necessariamente ruim, de não portar nada. Uma certa liberdade conferida, uma leveza confusa de , repentinamente se ver livre do peso cotidiano que, de tão constante, já nem se percebe o incômodo. Também um alívio da bala que não partiu para encerrar alí mesmo uma história.

Em meio à frenética atividade de se lavrar boletim de ocorrência, telefonemas para bancos, avisar familiares, restou apenas uma dor, um lamento. E ele tem a forma de uma pequenina mão infantil pintada na flanela alaranjada. Era para onde o cansaço olhava e de alguma forma enchia-se de energia para seguir em frente.

Agora que já não tem mais a fonte material, terá que fartar-se de lembranças.

Marcelo FAS
Enviado por Marcelo FAS em 23/11/2013
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