A VIÚVA, SEU PAI E O FEIRANTE

Maria Matilde era a moça mais cobiçada da pequena cidade mineira. Linda, esbelta, simpática era o sonho de todo rapaz da cidade. Seu pai, ciumento, volta e meia espantava um seresteiro mais exaltado nas madrugadas com tiros de festim e cargas de sal.

Um dia Maria se casou com um rapaz aprovado pelo pai. Para ele foi um sossego. Mas tudo o que é bom dura pouco, meses depois o marido veio a falecer em uma acidente. A moça ficou arrasada. Vestiu-se de luto, o que era muito comum na época e não saia mais de casa. No sétimo dia houve a missa em homenagem ao morto. Ela vestida de preto, foi com o pai à igreja matriz assistir à missa. Mesmo vestida de luto, não perdera a beleza.

Ao voltar da missa, passaram por uma pequena feira, onde um feirante apregoava seus produtos. De repente seu pai tomado de fúria, partiu para cima do feirante cobrindo-o de pancadas. O feirante surpreso, apanhando mais do que cachorro ladrão, gritou por socorro. Dois policiais que faziam a ronda por ali, ao ouvirem os gritos, dominaram a custo o pai da viúva. Perguntaram ao agredido o motivo da agressão, ele não soube dizer e confuso disse:

-Esse sujeito é doido, sem mais nem menos, começou a me dar pancadas, não entendi, eu estava anunciando meus produtos, quando ele caiu de pau em cima de mim...

Os policiais perguntaram ao agressor o que havia acontecido, ele respondeu:

-Esse sujeito faltou ao respeito com minha filha, veja bem, ela está de luto, acaba de vir da missa de sétimo dia do marido e esse palhaço se engraçou com ela...

O outro negou veemente o fato. Os policiais notaram que os dois pareciam pessoas sérias, e chegaram á conclusão que poderia haver entre eles um mal entendido. Insistiram com os dois e nada foi esclarecido. O feirante disse:

-Eu estava anunciando meus produtos, os quais estão aí, ovos de galinha caipira e uvas frescas e de repente esse psicopata me atacou...

O policial perguntou como era o anúncio que ele fazia. O feirante disse:

-Eu gritei: “OVO E UVA BOA”...

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