A BALA XIBIU

-Eu quero uma bala xibiu!

-Quer o quê?

-UMA BALA XIBIU! Repetiam com sorrisos maliciosos nos rostos, os moleques aracajuanos para desesperos dos bodegueiros.

Nas lojas, bares, cinemas, lanchonetes, bodegas e até nos bregas da cidade a bala virou atração e era solicitada por toda juventude e até pelos velhinhos safados.

-Eu quero uma bala xibiu. Era assim que o malandro mau caráter falava para desmoralizar o ambiente, que tinha como atendente uma donzela mocinha.

-XIBIU. Sensualiza a voz o mais afoito, com intuito de se aproveitar do pedido e almejar outro fruto desejado por ele.

Num ato desesperado, os bodegueiros retiraram dos balcões as suas esposas e filhas para não escutarem os desaforados malandros da cidade.

Na Igreja Católica, padre Pedro pedia sem citar o nome e por Deus para os fiéis não chuparem a bala. Nas escolas públicas professores conservadores costumavam retirar das salas os seus alunos que pediam a tal bala em vozeirões. Nas delegacias o caso da bala xibiu evoluiu. Segundo Sargento Celso, delegado do Posto Policial da Atalaia Velha, o caso foi resolvido com uma inclusão de uma cela especialmente para prenderem os gaiatos que se aproveitavam do nome “apetitoso” da bala para tirarem ousadias com as garotas(como disse antes) e no lance de sorte alcançarem uma iniciação sexual com as moças mais avançadas.

O Caso da bala Xibiu rendeu manchetes nos jornais sulistas e só encerrou quando o juiz doutor José Rivaldo , a pedido da sociedade conservadora, determinou a proibição do comércio do produto.

EU QUERO UMA BALA XIBIU...

Reri Barretto
Enviado por Reri Barretto em 03/11/2013
Código do texto: T4554354
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