FOI GALANTEAR E SE DEU MAL...

O sujeito era trabalhador, mas como era jogador compulsivo de jogos de azar, vivia sempre “na pindura” . Era ruralista e sempre alugava terrenos para plantar cebolas. Tinha o apelido de João Cebola. O que ganhava com o suor de seu rosto e de seus contratados, perdia nas bancas de jogos. Fazia sempre uma “fezinha” nos jogos de bicho, apostava em jogos de futebol, jogava dados, palitinho, tudo que aparecia.

Apesar da rejeição da família, namorava uma moça prendada. Com sua lábia, conseguiu cativar a moça. Era um festival de mentiras e bajulações para cima da pobre moça, baboseiras como:

-Amor, você para mim é como um bando de pirilampos iluminando um campo de alecrim... Ou ainda:

-Amor, seu cabelo é tão macio quanto a penugem do dorso de um colibri...

Com isso ia iludindo a donzela.

Certa vez, alugou um terreno e fez uma grande plantação de cebolas. A cebola estava em alta, ele tinha esperança de que, na colheita iria tirar o “pé do atoleiro”. Fez empréstimos à juros extorsivos para a lavoura. Mas o tempo não colaborou. Perdeu toda a plantação. Endividado, devendo a perigosos agiotas, resolveu dar o fora, fugir da cidade. Num raro momento de dignidade resolveu contar tudo a moça. Disse que assim que se recuperasse, voltaria, pagaria a todos seus credores e se casaria com ela. O diálogo foi mais ou menos assim:

-João Cebola, meu querido, todas as vezes que eu descascar uma cebola, vou me lembrar de você...

João, talvez distraído ou preocupado com sua situação, respondeu na bucha:

-Maria, toda vez que eu for comer um bife acebolado e sentir o cheiro da cebola me lembrarei de você...

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 28/10/2013
Reeditado em 28/10/2013
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