O chifre da Madame
Era madame só de codinome que adotara para uso em suas traquinices de “espírita vidente”. Os panfletos religiosamente distribuídos em dias de feiras diziam: “Madame Elisabete, espírita vidente, tão vidente que é capaz de enxergar quanto você tem na carteira. Atende nos altos da padaria, para que não falte o pão dela de cada dia”. Picaretagem pura.
Quando madame saía às ruas, mesmo as calçadas largas se estreitavam ante tanta largura corporal. E lá ia a vidente sem enxergar os que a olhavam; todos muito admirados imaginando quantos chuveiros seriam necessários para um banho de corpo inteiro. Não era imaginação do escritor de histórias. Se as americanas são desbundadas, Madame Elisabete a tinha em abundância!
Tempo eleitoral e madame, pra descolar um troco a mais, resolve ser candidata laranja a vereadora, com a previsão de zero voto, e ainda assim teve um, o dela. Saiu em apoio candidato, que por fim foi derrotado sem que a vidente visse e avisasse. Perdeu para outro com apelido de “Boi”, e para quem Madame Elisabete já havia anunciado para os quatro cantos que estava “laçado pelos chifres”, prevendo assim erradamente a derrota do ganhador!
Passada a eleição o jornalista, um vanguardista anarquista, solta a manchete: “Madame errou, laçou o chifre errado”. Ai foi aquele reboliço, até tiros ecoaram pelas ruas. Era o tal candidato derrotado correndo atrás da esposa querendo saber com quem ela nele colocou chifres, e tão visíveis que até a madame laçou!
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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, DRT-398/BA, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi Bahia... É jornalista investigativo, escritor, poeta, e adepto do humor. Também conhecido como “Jornalista do Sertão”. seupedro@.micks.com.br