O CALDO ENTORNADO

Ao “Delfim gestor”

Um saboroso repasto

Combinou-se de aprazado

Mas fez-se dia nefasto

Ficando o caldo entornado.

Amigos de longa data,

Todos levados de arrasto,

Miravam em concordata

Um saboroso repasto.

Há rectas e curvas tortas

Neste mundo endiabrado

P´ ra s´ evitarem as voltas

Combinou-se de aprazado.

Com Ribeiro anfitrião,

De cabedal e bom lastro,

Havia espaço e bom melão

Mas fez-se dia nefasto.

O Delfim lançou a malha

Com coelho apalavrado

Mas Cadavadas deu falha

Ficando o caldo entornado.

O Frassino desafinou

Em tom de cana rachada

E o Calisto filosofou

Com sebenta amarfanhada.

O Sitefane não pôs defeito,

Com caneco ou cafeteira,

P´ ra ele de qualquer jeito

É sempre boa maneira.

P´ ro João Alcaravela

Não ´stá entornado o caldo

Com seu moinho a dar à vela

Colherá sempre algum saldo.

Por falar em dar à vela

Sem os ventos de feição

Virá nova ensaboadela

Numa outra ocasião.

Se o repasto era coelho,

E coelho de três ao prato,

P´ lo ditado que já é velho

A Montanha pariu um rato…

A amizade tem seu preço,

E há destas coisas na vida,

P´ ra não ficar do avesso

Façamos-lhe outra partida:

Fora com tristes apuros,

Por medida e por decência,

O Delfim pagará de juros

Outro coelho de excelência!

Frassino Machado

In RODA-VIVA POESIA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 16/10/2013
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