Em tábua sem pé, a mesa não manca
Servidas toda as refeições
A base era uma tábua no chão
Se caia, o copo caia de pouca altura
Todos de pernas cruzadas sem candura
Como se a terra fosse de ninguém
Postura igualitária, todos ao rés da terra
E quem mais produzia era a idade da matrona
Aliás, daquela tábua ela era a dona
Em busca de mais conforto à senil
O mais novo, solidário e viril
Botou pernas na tábua,
Naturalmente virou arrimo de família
Como se em fábula
Pernas, para que eu te quero?
Depois daquilo, daquele instante
Ninguém mais saía da mesa saía ofegante
Algo mudou, ninguém mais comia torta ou empada
Se insistisse em se manter de pernas cruzadas