NUMA ROÇA
Certa vez, numa roça de arroz do sertão nordestino, situada à beira da estrada, trabalhadores diaristas contratados, trabalhavam sob o olhar de um feitor tipo capataz do patrão, que, em meio aos trabalhadores, para distraí-los ou entretê-los, na árdua tarefa da limpa na plantação de arroz, dizia, quando os via chegar à beira da cerca de arame farpado, depois de capinarem mais uma “rua’’ daquele arrozal: “ Vamos morder o arame!”. O capataz subserviente e cheio de artimanha repetia essa frase inúmeras vezes, sempre que os pobres trabalhadores, já cansados e suados, chegavam à borda da roça. E o sol escaldante do meio-dia... E já havia passado da hora do almoço.
De repente, um dos trabalhadores se irritou, e pondo a enxada no ombro, enraivecido bradou alto: “Vá morder seu arame lá no inferno!” E foi-se embora.