O CAIPIRA ARROLADO COMO TESTEMUNHA
Estava uma turma em um boteco bebendo. De repente dois freqüentadores discutindo em altos brados chegaram ás vias de fato. A turma do “deixa disso” entrou no meio e a muito custo conseguiu separá-los. Os ânimos já estavam serenados quando um dos brigões resolveu chamar o outro de “corno manso”. Aí fechou de novo o tempo. O ofendido quebrou uma garrafa na cabeça de seu desafeto. A dona justa foi chamada e por incrível que pareça, uma viatura policial chegou na hora.
Os policiais prenderam o agressor em flagrante, encaminharam a vítima para o PAM e foram arrolar as testemunhas para a lavratura do boletim de ocorrência. Entre as testemunhas estava o vaqueiro Quinzinho do Gamelão. Um dos policiais perguntou a Quinzinho o que havia acontecido. O Caipira respondeu:
-Ara dotor, eu num pus muito sintido na cunversa deles não, mas acho que tavam brigando pur causa de um cachorro...
-O quê? Brigando por causa de um cachorro?
-É, o fulano falou que o cachorro do sicrano era um vira-lata, e o sicrano increspô, já quereno briga, aí o fulano falô:
-Cê tem razão, seu cachorro não é vira-lata, hoje não tem mais lata pros cachorro virá, tem é saco pra eles rasgá... é isso aí, seu cachorro é RASGA-SACO!
Eu tava bebeno uma cerveja e vi a leréia deles, quando cuidei que não, eles tavam truvado um no outo, nois custemos a apartá eles...
O policial anotou o depoimento dele e perguntou:
-Nome completo?
-Joaquim Eleutério da Silva.
-Idade?
-Setenta e cinco ano.
Quinzinho foi tomar um gole de cerveja que estava esquentando no copo, e foi impedido pelo policial.
-Tem dó dotor, minha cerveja ta isquentano e cerveja quente me dá um pirirí do caraio...
-O senhor mora aqui mesmo?
-Não, eu moro é na roça, lá no Gamelão, mas eu tenho casa aqui na cidade.
-O Sr. Mora aqui no centro?
-Não, não, eu moro é no Peri Faria...
-Peri Faria? É algum bairro, vila, beco? Nunca ouvi falar...
Aí um dos freqüentadores entrou no meio:
-Não, ele mora não é no Peri Faria, é na PERIFERIA...
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