A BOLA E O CIRCO
Dedicado ao poeta
Mário Lima
Transita de pé em pé
E sobre o gramado rebola
Não é pão p´ ra dar ao Zé
Mas sim para encher a tola.
Os tostões faltam à mesa,
Até Diógenes o vê,
Se for no Circo, beleza,
Se não for, resta a TV.
Nos belos tempos de antanho
O Benfica era europeu
Agora, nem arreganho,
Foi um vírus que lhe deu.
Jorge Gomes foi o primeiro
A quebrar a tradição
Veio por pouco dinheiro
Mas agora não viria, não.
Dos Balcans ou da Argentina,
Vêm até de biberão,
Uns tocam a concertina
Outros tangem rabecão.
O Circo é assim que se faz
Nesta nossa Catedral
Até o Jesus é cartaz
Quer se jogue bem ou mal.
Qualquer careta primário
Quase sem ler nem escrever
Revela-se como empresário
De milhões a derreter.
Não é preciso ir a Roma
Para ver o Circo e a Bola,
É este o triste sintoma
Do teatro com cartola!
Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA