### UM SUSTO ###
Era um ranchinho
Muinto e muinto longe da cidade
Lá...Onde se ver um carro
Era uma verdadeira raridade.
E foi la que nasceu um piazito
Bem saudável, bem bonito
Era o primeiro filho
E o casal andava aflito.
A mãe passava o dia atrapalhada
E sempre muinto preocupada
Mas cercado de carinho
Se criava o bebezinho.
Dois meses se passou
Desde o nascimento
O pai...Sorria de contentamento.
E até chamava o pia
De terneiro mamão
E foi por estes dias
Que se armou a confusão.
O piazito chorava
O pai embalava
E a mãe fazia cházinho
Deitava o guri de bruços
E rezava baixinho.
Mas o danadinho
Chorava e suava
É dor de barriga, a mãe falava
O pai dizia...
É incalho ou sapinho
Dá mais um cházinho.
Depois ja bem nervoso
Foi chamar a benzedeira
Deve ser mau olhado...
Falou apavorado.
Veio a benzedeira
A vizinha da venda
A comadre, a velha da leitaria
E era aquela gritaria.
Tres galinhos de arruda
Tres pedras de carvão
Vamos fazer uma oração.
Nem reza nem benzedura
Para o guri, não achavam a cura.
Resolveram levar para a cidade
Mas...Que baita dificuldade
Não havia condução.
Se lembrou a benzedeira
Quem sabe o seu Ferreira
Empresta o caminhão.
E o seu Ferreira de pronto
Saiu as correrias...
Foi o pai, foi a mãe
A comadre e abenzedeira
E o pia...
O pia numa choradeira.
Uma hora de viagem
Na estrada esburacada
Se não atolar o caminhão
Chegamos de madrugada.
E lá no Pronto Socorro
Foi aquela fiasqueira
A mãe chorava, o pai gritava
rezava a benzedeira...
Só a mãe entra, falou a enfermeira.
E o doutor mandou a mãe
Tirar a roupa da criança
E logo viu a segurança
Fincando nas costinhas
Que a mãe colocará
Para fechar as camisinhas.
O doutor falou assim...
Esta curada a criança
É só tirar a segurança
Que aberta, esta a fincar
Por isto este guri
Não para de chorar.
Subiram no caminhão
Para casa se mandaram
E agora...
Agora vocês imaginam
A cara...
A cara que eles ficaram.
## TANIA SANTOS ##