AS COISAS MUDARAM

tempos passam

e os teus olhos

cansados

dois faróis

reclamam que eu me guie por eles

mas nessa de segui-los

e cativar teus caminhos

prefiro senti-los

e te encher de carinhos

quero penetrar

quero entrar

me aprofundar

e ficar exausto

nos teus olhos

quero desabar

quero atracar

me dedicar

e ser todo gasto

sem mais sonhos

as coisas mudaram

sempre mudam

ficam mudas

caladas e não gritam

não sussurram

não suspiram

as coisas não piram

e eu fico pirado

doido

e fico doendo

porque quero

teu ato

quero teu fato

quero artefato

e me entregar

como um rato

ou como um gato

e me curar no teu veneno.

De: Antonio Viana