Se Camões fosse Vivo...

Teria começado assim...

As sarnas de barões todos inchados

Eleitos pela plebe lusitana

Que hoje se encontram instalados

Fazendo o que lhes der na real gana

Em seus poleiros bem remunerados

Prosperando de forma desumana

Esqueceram o quanto proclamaram

Nas campanhas com que nos enganaram!

E também as jogadas habilidosas

Daqueles tais que foram dilatando

As contas bancárias numerosas,

Do Algarve ao Minho arrecadando,

As comissões das obras grandiosas

E o povo com fome vai chorando!

Gritando levarei, se tiver arte,

Tanta injustiça por toda a parte!

Falem da crise grega todo o ano!

E das aflições que à Europa deram;

Calem-se aqueles que por engano

Votaram no refugo que elegeram!

Que a mim mete-me nojo o peito ufano

De crápulas que só enriqueceram

À custa duma trafulhice tanta

Que andarem à solta só me espanta.

E vós, ninfas que morais neste lago

Por quem sempre senti carinho ardente

Não me deixeis agora abandonado

E concedei engenho à minha mente,

De modo a que possa, convosco ao lado,

Desmascarar de forma eloquente

Os que em nome duma ala dura

Só pensam numa nova ditadura!

Luiz Vaz Sem Tostões/Adaptação de José Mota

JoseMota e Luiz Vaz Sem Tostões
Enviado por JoseMota em 22/07/2013
Reeditado em 22/07/2013
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