A coragem do Pedrão

Domingo de manhã encontrei o Pedro, meu concunhado na banca de jornais do centro.

Ele é baixinho, um pouco gordinho, uma leve semelhança com o baixinho da Kaiser, beirando os 47 anos e zoiudo. Não entenderam? Eu explico! Não pode passar mulher num raio de 10 quilômetros que ele olha mesmo. Só olha, é claro! Que se a Dorotéa, minha cunhada vê, ah!o pau come solto e coxado.

Como ia dizendo estávamos os dois conversando, combinando uma pescaria qualquer dia desses, cada um com seu respectivo jornal debaixo do braço quando a Suelen estacionou defronte a banca.

Ela, a Suelen, é uma mulher teoricamente comum. 1,85 de altura, cabelos negros, pele bronzeada, olhos verdes, eleita duas vezes consecutivas- 2005 e 2006 – Rainha da Piscina. Isso antes de implantar 250 ml de silicone nos seios!

O tipo de mulher que se o sujeito tiver um caso e for apanhado em fragrante pela esposa, pode tentar se desculpar. “ Mas amor, olha que material de primeira! Não teve como resistir!” e pode ser até que cole. Ou que a surra seja menor um pouquinho.

Ninfomaníaca confessa, os vizinhos dizem que sabem os dias, as horas e minutos que transa, por causa dos uiuiuis, aiaiais e algumas frases em inglês que volta e meia grita durante os entreveros. E chupa os dentes, se descabela invariavelmente arranhando costas, peitos e braços do parceiro. Dizem as más línguas que o último namorado, um garotão de 30 anos não agüentou a parada e afinou como corda de viola e ela, apesar das qualidades visíveis está só. Por enquanto.

Um leve arrumar nos cabelos e desceu do conversível. Top de lycra, metade dos seios de fora e uma minissaia desse tamaninho.Um sujeito que ia saindo da missa das oito acompanhado da esposa não resistiu ,voltando a cabeça e de lapa levou um beliscão na barriga.

Entrou, pegou uma Tititi, uma Gmagazine e o Estadão. Pagou e saiu dando tchauzinho para o dono da banca. O silêncio era tanto que se uma pulga picasse um cachorro era capaz das pessoas ouvirem.

O Pedrão, zoiudo, zoiudo acompanhando o trajeto sem uma única palavra..

Depois que ela passou o sinal e virou a esqina não resisti e brinquei:

- Fala a verdade, Pedrão! Não vale mentir! Você teria coragem de encarar?

Ele coçou a cabeça já meio rala de cabelos, ajeitou a camisa dentro da calça, suspirou prolongado e murmurou:

- Coragem tenho até de sobra! O que falta é sorte!

Nickinho
Enviado por Nickinho em 05/04/2007
Reeditado em 12/04/2007
Código do texto: T438407