A HISTÓRIA DO HOMEM 3

E o mundo romano entrou naquela decadência toda; imaginem que havia mais de cem dias de feriado por ano (parece um país que conheço) e o senado, ah, esse era muito diferente dos dias atuais; o pessoal não tinha muito o que fazer e imaginem as piadas que contavam para matar o tempo; uma delas dizia que César foi morto porque um dia descobriu que Brutus era gay, aí, ele chegou no senado, com a mão na cintura e gritou, na frente de todo mundo: “até tu, Brutus?”

Depois disso foi uma decadência total e entramos na Idade Média, período de trevas, mas, alguns dizem que não foi nada disso, tanto que num período de mais de mil anos a humanidade sofreu progressos incríveis, como a invenção da ferradura, imprescindível para a fabricação de supercomputadores e aviões, além da criação de livros como conhecemos hoje, em folhas de pergaminho, pois, anteriormente, era aquele rolo enorme que servia mais para dar na cabeça do outro do que para ler.

Em meio a essa onda de progresso toda, um camponês, além de fazer sua própria roupa, a vestia um dia e, seis meses depois, a trocava; banho , então, era uma coisa rara, com frequência mensal, anual , ou , os mais porcos , nunca tomavam banho em toda a sua vida. Se existisse o desodorante, seria um ótimo negócio na época. A arte parece que foi deixada para os filhos dos camponeses, tanto que só uma criança para fazer aquelas figuras fora de proporção e malfeitas. A cultura teve um impulso incrível, tanto que era restrita aos mosteiros e os livros copiados um a um ! Imaginem um mongezinho, cansado, à luz de velas, copiando um livro em Latim. Erros eram comuns e, ficavam por isso mesmo, inventando-se palavras ou palavrões. Mas o povo era analfabeto e não percebia.

E agora chegamos ao grande, magnânimo Senhor Feudal, palmas!! Mas não era tudo isso, não; comia com as mãos em seu castelo e não era muito fã de banho, além de muitas vezes ser analfabeto (como as coisas mudaram, não?). Não havia muita escolha entre as profissões; o primogênito virava cavaleiro, atrás de donzelas, o segundo filho era padre, ou, em último caso, virava trovador e fazia canções para mulheres casadas, que nem lhe davam bola. Que mundo incrível; sem teatro, tv ou futebol , divertiam-se com as piadinhas do bobo da corte.Se não fossem os árabes para inventarem o álcool, o açúcar, os números arábicos e não aqueles rabiscos dos romanos e continuarem a estudar a história antiga,criando universidades, não sei o que seria de nós.

Até que uns italianos, cavando as antigas ruínas de Roma, exclamaram: “che cosa, più bello degli altri!” E começamos o Renascimento, quando ou se era pintor, escultor, ou, pior: crítico, para falar mal do trabalho dos outros: “ma che vera porcheria” e voava escultura na cabeça de um, pintura na de outro e ; nesse meio tempo Miquelângelo pintava a Capela Sistina, só que era meio dado a falar com estátuas; dizia: “parla, parla”, mas elas nunca falavam e era meio doidinho, como todos os gênios que se prezam. Nisso encontramos Leonardo da Vinci em seu ateliê, quando chega aquele conde italiano, bigodudo, falando: “Dove è la mia pittura?” Leonardo coça a cabeça e diz: “ainda não está pronta, mas, serve esse disc laser 3D que inventei?”. O conde esbraveja : “no, voglio la pittura, caspita!!”

E por isso o mundo demorou tanto pra progredir; ele teve que abandonar a criação do avião para fazer aquela tal de Monalisa, que acham o sumo da perfeição, para agradar aos turistas do Louvre, anos depois.