UM MACACO DESPERTA O AMOR ENTRE O CASAL

Zilda chegou em casa, olhou bem pera Italo e disse:

-Eu te amo.

-Como?!

Italo não estava entendendo nada. Zilda saiu para comprar tomate. Será que enquanto escolhia tomates, descobriu o amor que existia entre os dois?

-Eu te amo!

-Já sei, você deve estar febril. É isso, deve ser produto de delírio.

-Eu te amo. Descobri isso hoje.

-Escolhendo tomates?

-Não. Foi assim... Espontaneamente. Amanhã estará chegando uma surpresa.

-Que surpresa?

-Se é surpresa nao posso contar. Ora.

-Ah, é mesmo.

Na manhã seguinte pára um caminhão de entregas em frente à casa. Chamam.

-É aqui que mora: Italo Roque? -o homem lê o nome da nota fiscal.

-Eu mesmo.

-Tem um negócio aqui pro senhor.

-Deve ser o símbolo do nosso amor, que ela descobriu ontem.

Um dos entregadores olha para o outro, não entendem nada.

-Assina a nota fiscal. -diz um deles.

Ah! Sim. -quando Ítalo lê a especificação -Espera: um macaco!?

-Sim. Um macaco.

-Deve estar havendo um engano...

-Não. Está claro. Um macaco. Para - Ítalo Roque. Aí, neste endereço. Você ganhou um macaco.

-Jesus!

-Aqui está ele. -e o macaco pulava e gritava ao ver Italo, parecia muito contente. -Tá vendo, foi amor à primeira vista.

Ao destravarem a jaula o macaco entrou correndo como um raio para a casa.

-Ei, onde vai?

Quando Zilda chegou à tarde do salão de beleza. Ítalo foi enfático:

-Um macaco?

-Puxa. E aí, gostou? Jaison, é o nome dele.

-Ele está lá na sala, assistindo Mundo Animal. Já que chegou a primeira coisa que fez foi pegar o controle-remoto da televisão e checar os canais. Arreganha os dentes quando tento me aproximar do controle remoto.

-Logo vocês se entendem.

No momento de tomar banho. Ítalo entra no banheiro.

- Zildaaaaaaaaa ! Zildaáááááááááá !

-O que foi?

-Olha o que ele fez! Encheu de pêlos o sabonete, que coisa nojenta. Vem cá seu otário.

E o macaco saía correndo pela casa. Italo correndo atrás dele. O macaco se protegia atrás de Zilda.

-Quer soltar este chinelo! Você está assustando o Jaison.

Na hora de escovar os dentes, Italo viu aturdido, Jaison esfregando em seus dentes enormes e marrons, a sua escova.

-Agora, você não me escapa. -e saía correndo atrás do macaco. O macaco corria gritando.

-Ítalo! Não me diz que está aborrecendo o Jaison de novo. Pare com isso.

De tarde Ítalo ia procurar uma cerveja na geladeira. Não achava. Ouvia ruídos no fundo do quintal. Flagrava Jaison ao lado de dezenas de latas vazias. Arrotava marotamente. E quando Jaison via Ítalo, arreganhava os dentes num sorriso sarcástico.

-Eu te pego. Ah se pego.

O macaco corria pelo quintal, Ítalo correndo atrás.

-ÍÍÍÍÍÍÍÍtalo!

-Meu amorzinho. Estamos praticando um cooper.

-Pare de mentir, Ítalo. Pare de assustar o bicho, seu animal!

Zilda planejou uma festinha para comemorar os 15 anos de casados. Um churrasquinho com os amigos.

Ítalo tendo de pagar o mico, cuidando do Jaison vestido de marinheiro, com chapeuzinho e tudo.

-Pô, cara! Vocês não conseguiram ter filhos e resolveram adotar um. Ítalo, é a sua cara!

-Oh, Varela, vai pro inferno.

Meia hora depois Jaison corria que nem doido pelo jardim. Corria, parecendo perseguir alguma coisa. Era uma barata. Apanhou-a arreganhou os dentes para Ítalo e engoliu.

-Ah, maldito! -grunhiu Ítalo, cuspindo de nojo.

Daí pra frente não era difícil flagrar Jaison com a cueca de Ítalo, pulando pelos telhados. Os gritos histéricos de Ítalo. O macaco para deixar Ítalo maluco, puxava a cueca, olhava dentro e fazia uma careta de pena.

O tempo foi passando. E incrível. Um dia, Zilda, flagrou os dois deitados juntos no colchonete ao lado da piscina. Nas noites frias Ítalo levava uma coberta para Jaison.

Chegava a beijar as faces do macaco. Via se os pés de Jaison estavam descobertos, os cobria.