UM ENCANADOR NA NOITE DE NÚPCIAS

Os recém-casados haviam acabado de chegar no quarto de núpcias de um hotel. Diana entrou carregando Deodônio no colo. Chegou e jogou Deodônio em cima da cama.

-Tome cuidado, querida.

-Deodônio, você é um folgado.

-Mas, por que, querida?

-Por quê? Ainda pergunta por quê? Tenho de esperar você na igreja? Faz um papelão na frente do padre, quase derrubou o padre. Errou o carro e entrou dentro do carro da lavanderia. E agora tenho de carregá-lo... Não seria o contrário, não?!

-Querida, não vamos lembrar dessas coisas, vem cá, meu docinho de côco.

Meia hora depois estão debaixo dos lençóis. De repente entra um camarada de macacão azul, carregando uma caixa de ferramentas.

-Ei, o que é isso? -Diana ficou abismada.

-Quem é você?

O camarada de barba por fazer, com um palito de dente permanente na boca, parece ter nascido com aquele palito de dente, olhou bem para Deodônio e respondeu:

-Alcides.

-Sei, e daí? O que está fazendo aqui!?

-Sou bombeiro hidráulico. Tenho curso e diplomas, por isso estou aqui. Ou poderia estar em lugar pior. Eu poderia ser um bandido, mas não.

-E aí?

-Há um problema na tubulação e é meu dever procurar o defeito.

Antes de qualquer coisa, Alcides olhou bem para Diana e perguntou:

-Nos conhecemos de algum lugar?

-Nunca te vi antes.

-Ah, sei lá. Esse mundo é tão pequeno.

Alcides apanhou uma picareta e mandou com força na parede. Diana gritou e se protegeu em Deodônio, que reagiu:

-Cara, não está vendo que estamos em noite de núpcias?!

-Olha, façam de conta que não estou aqui.

Alcides verifica o buraco que ficou na parede:

-Que droga! Mas eu tinha certeza que essa maldita tubulação passava aqui. Sei, deve ser aqui.

Com força novamente mandou a picareta na parede. Voou reboco e pedaços de parede pra todo lado.

-Jesus! Alguém pare esse homem!

-Olha aqui, dona, tenho que fazer o meu serviço, custe o que custar.

E o homem procurava sem encontrar nada. Até que, observando a cama, deixou Diana assustada:

-Deodônio, o que passa na cabeça desse homem?

Ela gritou quando Alcides foi em direção à cama.

-Já sei, onde está a tubulação. Por favor, queiram se levantar, preciso verificar embaixo da cama.

Enquanto Alcides batia a picareta no chão abrindo crateras, Diana olhou bem para Deodônio:

-Eu não acredito, que isso está acontecendo.

-Bem, o anúncio dizia que era um hotel cinco estrelas, que havia um serviço de quarto espetacular.

Daí vinte minutos, Alcides, acerta a tubulação com a picareta. Um jato de água ganha altura.

-ÁGUA! ÁGUA! ÁGUA! -gritava Alcides como se tivesse constatado um milagre.

Todo o quarto revirado, água caindo pra todo lado, os recém-casados todos molhados.

Alcides ia saindo e avisou:

-Vou buscar um vedante, façam de conta que não estou aqui.

Deodônio ficou sem saber o que responder diante da careta de Diana. Por fim, disse:

-Tem chafariz. Incrível, não!

Leozão Maçaroca
Enviado por Leozão Maçaroca em 07/06/2013
Código do texto: T4329294
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