Zé no galinheiro
Zé Pinto, sujeito brabo du zói ruim, bão di bóia fêit’ele só... Dispois di s’impanturrá di tanto cumê farofa e frango cum macarrão nu casamento du amigo Argimiro, sintiu male e foi simbora mais cedo... Tamém pudera, abusô dismanteladamente da fartura qui tinha na festa, bebeno vin-dôce nu bico du garrafão - ansim, cabô ficano mei –zonzo; Chegô in-casa foi direto pru quarto, dismaiano num tombo só pru-riba da cama, feito um porcão na lama. Nem rezá rezô.
Condo acordô sintiu bem mais leve... Oiô pá-frente e viu um camarada barbudo, munto istranho.
Quem é ocê? - pringuntô ele - cismado.
Ieu sô São Pêdo... E ocê tá nu céu, meu fiiio!!! - Ai meu Deus, mai -nu céuuu?! Ah, não... Iô num aquirdito nisso!
Antão qué dizê meu São Pêdo quiô murri e tô nu cér, antão?
Mai -num -pode sê, ieu num posso morrê, tenho conta pa-pagá, vaca pa –apartar - mi faiz vortá pel’amô di Deuso... ajuda ieu meu São Pêdo!
Hummm... ocê qué vortá antão Zé!? Ocê pode inté vortá “Zé”, mais tem qui sê como galinha - gente num dá não!
Galinhaaaa? - Priguntô ele, pensativo. Éh, galinha!
Fazê u quê, né(...) Já qui num tem ôtro ricurso pó-fazê u sirviço São Pêdo... Mi transforma numa galinha, mais dêxeu vortá!
E como num passe di mágica ele apareceu numei du galinhêro... e u galão carijó qui num era mais u galão di vin, já ispixô u pescoço, agachô, e airmô partir pru incontro - pa–biliscá u Zé na cabeça.
Nó-sinhora! (có) cramô ele ripiado e arripindido da dicisão, oiano pru galo cum zói chêi d’agua.
- E num é qui virei galinha mémo (có)!
U galo foi chegano pru perto, e foi chegano... e arresorveu galupiá Zé galinha.
Ele mais qui dipressa correu e subiu nu pulêro di-galope - u galo muntado atrais criscano as-asinha vuô e iscorô du ladim, e priguntô:
- Ocê é nova nu galinhêro, certo? (có)
...Sô sim sinhô! (có) - Respondeu “Zé galinha”, morreno di medo du galão impurrá ele du pulêro abaxo, quereno marquerença - judiá dele.
- Aqui nu galinhêro é bão qui-ocê fique sabeno: ocê ó é riprudutora ó botadêra!
- Uqui -ocê vai iscoiê?
- Oia Sô galo (có)... Vejo qui num vô tê munta iscôia, mai-riprudutora ieu num quero sê não - mai -tamém num sei botá ovo!? (có)
- Antão, grita u galo: Gertruuudes!!! Vem cá Gertrurdes, insina esta galinha disastrada botá ovo! (có)
Sim sinhô, tô ino. - Obedeceu di imidiato a galinha veterana, e já foi vino e falano pra galinha “Zé”: Oia -só pres’tenção! - Ocê deve levantá as -asinha duas vêiz e fazê ansim: "cócócóóó" e ispremê!
- “Zé” obedece e sai um ovo; Antão ripitiu a operação e proft, ôtro ovo... e vai e vai.
Qui legal! comemora “Zé”... - Tô começano gostá desse negócio di -sê galinha.
Cond’ele vai botá u tercêro ovo iscuita um grito. E, era a voiz da muié:
Mai -Zé!!! - Acorda aí Izé!! Conhinfêito... Ocê tá cagando a cama toda, Izé!
"... é quéla assustô condo viu a testa du jaracuçú apontano e dislizano mansin na forga daquele carção frôxo."
.......(....ouça também esta prosa em áudio....).