O NAMORADO MÃO-DE-VACA

Susi conversava com uma amiga:

-Como está você e o Roger!?

-Não sei mais o que fazer.

-Por que essa cara, Susi?

-Para tudo há limites. Sabe o que ele me propôs outro dia?! Sabe o que me propôs?

-Não, amiga.

-Me propôs ver as estrelas.

-Que romântico.

-Romântico o escambau.

-Credo, Susi. Ver estrelas não é romântico!?

-Mas você não calcula, menina. Eu queria ver um filme, pegar um cinema, o maldito me propôs vermos as estrelas, porque ver as estrelas não custa nada.

Nisso vem se aproximando o Roger propriamente dito, ele e um colega.

-Oi, Susi!

-Temos muito o que conversar.

-Vamos tomar alguma coisa?

Foram para um bar. Ele pediu uma Soda Limonada.

-Garçom, não precisa abrir.

-Por que, Roger?

-Porque assim não abrindo a Soda a gente não bebe, e a gente não bebendo não precisamos pagar a conta depois. Que comer alguma coisa?

-Quero.

-Ô garoto, me traz o cardápio.

Susi olhava a foto dos sanduiches e o preço na frente.

-Eu queria... -Roger a interrompeu para completar, :-Fique olhando a foto, isso a alimentará mentalmente. É o que eu faço. Fique olhando para a foto do lanche. Assim você corre o risco de não engordar. E conclusão: não precisamos pagar.

-Roger, é a terceira vez. -Susi cobrava os incansáveis bolos dados por ele, -Você prometeu ligar.

-Susi, você não sabe o que aconteceu! -dizia ele, assustado, -Um vendaval no meu bairro, tacou tudo pro chão: poste, cabos telefonicos, virou um inferno na minha rua.

-Roger, passei por lá ontem e estava tudo no lugar.

-Puxa, mas o pessoal consertou o estrago assim, tão rápido!?

-Pode inventar uma desculpa que essa nem minha avó acredita.

-Nossa, sabe o que aconteceu ontem?! Meu avô foi regar a horta... Isso eram oito e meia da noite, no mesmo horário em que eu pretendia te ligar. Minha avó ligou. Meu avô tinha caído num buraco na hora. No momento em que foi regar a horta. Tive que acudir o meu vô. Mas o problema é que meu pai puxava o velho prum lado, eu puxava pro outro, ficamos nessa teima horas. Quando olhei para o relógio. Você não acredita: uma e meia da manhã. Pensei, como ligar para a Susi agora!? Ela deve estar dormindo, seus pais também.

-Ah, sei. Essa não convenceu.

-Sabe... É que o patrão me chamou ontem a tarde, não era o meu horário de serviço, mas é que apareceu uma cota de panfletos para entregar. Eu ia para o trabalho quando... Você não sabe o que aconteceu. Furou o pneu do carro. Parei para consertar o pneu. Como eu estava na rodovia num lugar difícil de estacionar, próximo de uma perbambeira, procurei um melhor lugar. Mas, você não acredita. Coloquei o pneu de estepe ali ao lado para ficar no jeito para recolocá-lo em seguida. O que aconteceu, o pneu rolou pra aquela perambeira. O que fazer!? Tinha de procurar o pneu. Só tinha aquele. Fui procurar esse pneu. Demorei quase uma hora para encontrar esse pneu. Quando encontrei esse pneu que poderia levá-lo até o carro. O que eu vejo? Cadê o carro? Me levaram o carro embora. Como o carro era da firma...

-Roger! Roger, olhe para mim. Na minha cara está escrito "palhaça"? Roger, dessiti de uma carreira promissora na Inglaterra por sua causa. Desisti de ser uma pessoa decente por sua causa. Roger, e o que você me demonstra? É esse o amor que sente por mim!? É esse o amor que sente por mim? Me prometeu não me fazer sofrer. Roger, a minha vida acabou por sua causa. Estúpido. Cadelo. Medíocre. Roger, o que eu faço!? Roger, me diga o que fazer!?

-Jogo da veia. É bom para passar o tempo e acalmar...

-Roger, pára! Pára! Onde eu estava com a cabeça quando larguei tudo por você. Onde eu estava com a cabeça?

-Debaixo de um secador.

-Roger! Deixei tudo por sua causa. Infeliz. Idiota.

-Se levante um pouco. -disse ele, com aquela sua cara de coitado.

-O que, Roger?

-Se levante um pouco.

Ela se levanta, pensando se tratar de alguma pretensão dele com relação à alguma atitude que viesse a praticar. Quem sabe, ele arrependido, lhe daria um anel de brilhantes, um colar...e para isso seria necessária uma cerimônia. Talvez até aquele momento ela estaria errada quanto a ele. Susi sorriu. Quando se levantou, Roger estendeu a mão:

-Sentou em cima do meu chapéu.

Leozão Maçaroca
Enviado por Leozão Maçaroca em 30/05/2013
Código do texto: T4316422
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