UM DOS PIORES DUELOS -QUEM VENCE SE TORNA O PERDEDOR
Ele se apresenta como Elizeu Sacarolha, um dos maiores mafiosos do Baixo Mediterrâneo. Ao lado de Al Capone, um dos maiores contraventores que já existiu, um dos maiores extorquidores que o mundo já presenciou. Numa de suas viagens pelo Rio de Janeiro, conheceu Cornela Espanca. Foi amor à primeira vista.
-Seo desgraçado, não olha por onde anda!
-E você? Sua vaca, tire sua bunda de cima de mim.
-Ora, ora, você que trombou em mim, e eu que sou a culpada.
-Eu devia mata-la! Pra nunca mais aprontar destas com ninguém.
-Eu que devia mata-lo.
-Escolha as armas, então.
Cornela empunhando uma escopeta 7 milímetros. Elizeu segurando uma Mauser, calibre 45. Tomaram distância. Um duelo.
-Quem morrer fica com a pior parte.
-Ou com a melhor! –provocou Cornela.
Seus sentidos estavam no limite, qualquer movimento agora indicava o fim. Qualquer movimento levaria para o desfecho daquele impasse. Cornela de um lado, Elizeu Sacarolha do outro. Os olhos de Cornela, apertados, cerrados, esperando. O olhar de Elizeu compenetrados, concentrados. Dentro de sua pupila dilatada o reflexo de Cornela, em pé, decidida a levar a cabo aquilo tudo. Cornela aperta mais o cabo da escopeta em sua mão. Toda ela esperando, atenta ao menor deslize por parte dele. Elizeu firme, seus dedos avermelhados de comprimir cada vez mais o cabo da Mauser. Um mosquito passa voando entre os dois. Urubus procuram lugares entre os prédios da orla da praia de Copacabana. Tem urubus por toda a parte, esperando qual deles irá tombar por terra e servir de repasto a esta trupe. Cornela e Elizeu, onde tudo começou e tudo pode chegar ao fim.
-Cornela, quero que te estropia.
-Elizeu, quero que te dilaceres.
-Te proponho a pior das armas: cases comigo, vadia, vagabunda.
-Se é assim, que queres, feito então. Com o maior prazer deste mundo, quero tê-lo em minhas mãos.