BOI DE RODEIO (causo caipira)
Zé Tretêro, um antigo radialista da “AM” de Caratinga migrô pra Entrifoia, inda nos anos 90, onde continuô seu oficio, no gogó, alegrano as madrugada sertaneja. Bêbo chegô no pronto socorro carregado prus amigo e bem isfolado - todo istrupiado.
O médico chegô na salinha, onde ês pusero ele, e ficô pur ali oiano tentano intendê o qui tinha acunticido. Pensô qui pudia ter sido um atropelamento, ó tombo de bicicreta; inté qui indagô o infermêro: Qui –qui foi qüêle? - Falaro quié boi, dotôre!
O dotôre, prantonista, injuado ditanto atendê bêbo - já artas madrugrada, cutuca o Tretêro mei-qui-sem-modo c'uma dedada na custela, e prigunta: - Donde ocê vem cumpanhêro?
Tretêro, macho ca-quela cutucada no vazio abriu um dus –zói com munta dificulidade e aos rismungo recramô: Isso né geito de acordá duente não, viu!!!... mais condo viu o tamãe da agúia da injeção na mão do dotôre quais sarô de pronto.
Gaguejano di –raiva do modo que foi impurtunado, e cismado, tentô ainda ansim ixpricar a miúdo:
Com- com -companhêro não Dotô - Zé Tretêro!!!
É quio-tava no rodeio do Zé Ogênio, e dispois qui acabô o disatino, a tár torada, disci zanzano, bubiei e arrisquei parar na venda da isquina ca –idéia de tomar a derradêra e sigui meu distino. Foi condo ieu vi dois tôro sorto no mêi da praça oiano pra mim cas -oreia inté impé quereno partir... e eu vi, dotôre, era os boi da torada qui tinha iscapado!
O pió, foi quieu vi dois. Um qui inxistia e ôtro que num inxistia.
Condefé o que inxistia, babano e bufano, mirô e partiu pá -riba de mim duma vêiz. - Praquê rapaiz !?!
Dususperado com medo dele mim pegá eu garrei e curri, e curri munto dotôre - do jeito qui deu mais curri; curri mais iscundi atrais duma parmêra qui num inxistia tamém... aí danô tudo, e eu num vi mais nada.
O dotôre morreno de ri da situação, prigunta: E a derradêra, sê tomô, cachaçacêro??? - Tretêro veno quêle já tava tirano sarro da sua cara, e com munta vontade livrá da fisgada fina da injeção na pôpa tamém, responde: - Inda não Dotôre, mai-já -tô fazeno praino! Se o boi num tivé lá, - inda parô lá na vorta pra sapecá ela.
- Ah cá, e tem ôtra... ieu num sô cachacêro não sinhÔ! Ieu sô cunsumidô!!!