O Guarda da BR 148
Na BR 148, sentido interior, vinham o casal Almeida, dirigindo seu belo uno preto. Dona Hemerlina Almeida, eufórica como sempre dizia:
- Cuidado Adenor! Olha pra frente, devagar!
Adenor um sujeito baixo, calvo, gordo e que já havia bebido demasiado algumas cervejas, pois vinham de uma festa da senhora Zoraide, comemoração de 3 meses de desquitada, já estava impaciente, e era evidente que estava perdido:
- Calma pó, preciso de concentração para dirigir!
- Você esta dirigindo muito rápido – Falava a esposa com tom desesperador.
Na rodovia não se via nenhum outro veicúlo, são raros os que passavam ali, ainda mais nesse horário das 21:40, a pista completamente livre, e a vontade excessiva de logo estar em casa faziam Adenor acelerar em uma velocidade considerável.
- Devagar, se não serei eu que vou comemorar aniversario de desquitada – exigia irônicamente dona Hemerlina, tirando dos pés os saltos.
- Para de me encher o saco poxa! – retruca mal humorado o marido.
- Olha para frente! – grita a mulher tentando segurar o volante.
- Solta pombas! – Adenor pede contorcendo o volante para o lado oposto do da mulher.
O carro vem fazendo um movimento nada retilíneo, resumidamente andando em zigue e zague pela BR, até derrapar na areia encontrada na pista, e quase bater, o susto faz Adenor parar o carro, ele desce irritado dizendo palavrões.
Ao redor existem vários pinheiros, protegidos por uma imensa cerca de arame farpado.
Hemerlina culpa Adenor:
- Eu não disse pra ir mais devagar? Não disse?
Quando surge uma figura fardada, o esposo vê e treme, pensa consigo “Ih! E Agora?”, o oficial pergunta:
- O que aconteceu aqui? Ouvi uma derrapada!
- Acontece que esse homem – Fala Hemerlina – dirigia acima do limite e ...
- Acima do limite o cambal – interrompe Adenor – eu vinha no limite Maximo permitido na BR.
- Calma pessoal eu... – dizia o guarda antes de ser interrompido
- E além do mais – a mulher diz histérica – ele está completamente bêbado.
- Epa! Bêbado o caramba! Defende-se o homem- estou completamente sã.
O guarda insiste:
- Não, eu só...
- E ainda fez um zigue e zague na pista.
- Fiz por que você me obrigou.
- Ele já perdeu 7 pontos na carteira seu Guarda.
- Você! Você me fez perder esses pontos!
- Você que é barbeiro!
- Olha se o Guarda me multar...
- O Que vai acontecer? Hein? – replica a esposa
O guarda que só olhava a discussão tenta novamente dizer algo:
- Pessoal eu....
- Peraí Guarda – pede Adenor – Multe ela, por não permitir que eu dirija corretamente!
- Ah que isso! Nem existe multa para o passageiro – ofende-se Hemerlina
- Pois ta ai algo que deveria existir! – exclama o marido
- CHEGA! – grita enfurecido o homem fardado - Eu não sou um Guarda Rodoviário, eu sou um Guarda Florestal, estava cuidando dos animais quando ouvi um barulho, exijo silêncio, pois os bichos também dormem!
- Eu vou... Eu vou... Bom não sei o que vou fazer.
- Pois bem oficial! Aplique lhe uma multa de perder pontos!