Funeral
É cruel velar alguém que fez um favor de se desligar do mundo terreno.
Dá trabalho passar a noite de lado de um defunto que não vale uma lágrima,
as pessoas chegam olham,saem,dão os pêsames...
dá fome,vontade de ir ao banheiro e as horas não passam.
A noite chega e tem a galera da geral que comenta as coisas mais absurdas do defunto que prostrado não tem como se defender e se estivesse ouvindo...muita raiva havia de ter...
do fundo do corredor ouve-se risadas,é inevitável lembrar de tanta besteira e não rir,das coisas ruins...melhor não lembrar!
o dia amanhece,cheia de sono vem a parte fundamental:encomendar a alma do estupor(leia-se ente querido).
o padre coitado que nesta hora "não sabe da missa um terço" reza fielmente pelo condenado que as tantas sob o caixão debuçado olhamos uns aos outros nos questionando se seria mesmo o dito cujo ali deitado.
acabando tudo pergunta-se quem quer se despedir,doidos para acabar com aquela "papagaiada" com cara de pesar o caixão fechamos para dar continuidade aquele penoso ritual.
depois de seguir caminho tudo preparado para o descanso eterno,queimar ou enterrar?faz-se o que der menos trabalho,assim fica logo o assunto arrumado!
de volta para casa,sentam-se todos e em silêncio todos aguardam por alguma coisa que não se sabe bem o que.
-Vamos beber o defunto?
-E não era o que ele mais fazia em vida?(retruca a viúva)
em piadas e copos a noite acaba,amanhã é outro dia já ninguém vai lembrar o mal nem o bem que ele fez .quem morre...é quem se ferra!