O bêbado e o caixa eletrônico

Quarta-feira de cinzas entro no banco, cedo a fila já está grande pois dos sete caixas eletronicos, apenas dois estão disponíveis para saque. Logo a atenção de todos é chamada para um sujeito embriagado que entra cambaleante e falando alto coisas misturadas a bafômetro, escola de samba, axé baiano, mais ou menos assim: “Zelberto Zel que tem que aparecer!!! de todo jeito!!! em cima de um trio, é baiano tem que aparecer, primeiro propôs carnavalizar a Bahia, se meteu com a política, quis ser prefeito, mas ganhou coisa grande, ééé! cargo de ministro, tá pensando o quê? e pra quê? Pra depois pedir pra sair, igualzinho a esse papa Bento!... não sei pra que se metem com a coisa... éééé! - se vira pra o guarda do banco e grita: Salve Jorge!, ééé! tem mulher que vai e não quer mais voltar, as putas de lá ganham em euro, ééé! Mas pra quê? Pra fazer novela... ééé´! Tá pensando o que, a mangueira dá rosa em botão...quero dizer é tudo cinzas nada mais, se voce quizer pode dançar largatinho- nisso se balança- e diz: ééé!” - algumas pessoas riem.

Mas o bêbado na sua fala misturada está impaciente para esperar a fila andar e se dirige a um dos caixas indisponíveis para saque, mete o cartão e não consegue fazer a operação, nem ao menos está concentrado para ler o que diz o visor da máquina. Finalmente alguém da outra fila fala pra ele que aquele caixa está indisponível, aí ele alardeia mais: Ninguém quer nada mesmo não! Carnaval já acabou porra!!!, até eu que tôu de ressaca já tô aqui disponível pra tomar outras pra sair dessa! e esse robô do banco não quer nada mesmo não!tá pensando o quê? Ora!!! – e se agarra com o caixa, dá umas tapas com as duas mãos como quem bate nas orelhas de alguém e arremata: Toma safado, tá indisponível né, quem mandou beber demais!! tá pensando o quê????????? acorda logo, deixa de moleza e me dá o que é meu, agiota duma figa!!!!!!!