O PIANISTA BÊBADO QUE ATENDIA PEDIDOS MUSICAIS

Aquela boate de luxo no Rio de Janeiro, tinha uma atração: Um pianista que era um verdadeiro artista: dedilhava o piano como o Bené Nunes. Tinha um vasto repertório. Dificilmente algum cliente pedia uma música que ele não conhecia. Gostava de um “goró” quando um cliente pedia uma música que não estava no programa, tinha que lhe pagar uma dose de uísque. Tinha também suas excentricidades: Sempre tocava acompanhado de um macaquinho de estimação. Era um macaquinho um pouco maior do que um mico, porém menor que um chimpanzé. O dono da boate tolerava sua mania, porque ele era um “virtuose” do piano. Porém exigia que ele ficasse preso a uma correntinha na cadeira dele.

Certa vez um mineiro passando uma temporada no Rio, já nos dias de voltar para casa, resolveu fazer uma extravagância: conhecer a boate. Entrou e ficou admirado com o luxo. Sentou-se a uma mesa e logo bateu os olhos em uma loirinha bronzeada que começou a flertar com ele. Querendo fazer bonito pediu um uísque com gelo. Ao folhear o cardápio quase caiu da cadeira: o uísque era caríssimo. Perguntou o porquê daquele preço absurdo. O garçom respondeu que era pelo couvert artístico. Ele não reclamou, não sabia o que era aquilo. O pianista em noite movimentada, atendendo a inúmeros pedidos como: La cumparsita, Me dá risa, Perfídia, Malagueña... Já havia bebido todas: “entornara o caldo”, “quebrara o pote”, estava bêbado. Não percebera que o macaquinho havia fugido. O animal pulara na mesa do mineiro e aproveitando seu descuido, em virtude do calor vesuviano que estava na boate ficou enfiando suas partes pudendas no copo de uísque do cidadão.

O rapaz ao ver a arte do macaquinho ficou possesso. Chamou o garçom que prontamente pegou o animal e o entregou ao pianista. O rapaz pensou:

-Esse filho da puta vai ter que me pagar outro uísque. Levantou-se e foi falar com o pianista:

-Seu macaco molhou o saco no meu uísque...

Devido ao barulho na boate o pianista não entendeu e o rapaz repetiu:

-Seu macaco molhou o saco no meu uísque...

O pianista com o cérebro embotado pelos vapores etílicos disse:

-Essa eu não conheço, cante um pedacinho aí, para eu ver se me lembro...

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 28/01/2013
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