Ah...
Ah, o amor é mesmo tão complicado. A cada dia me convenço que amar só é bom para os loucos e para os fiéis seguidores do sadomasoquismo. Como pode milhares de poetas, com uma inteligência acima de qualquer média, serem devotos desse tal amor? Amar devia ser proibido. O amor é princípio dos piores sentimentos que podem surgir no ser humano.
Amar causa ciúme. E ciúme é a principal característica de um ser egoísta. E ser egoísta é pior que ser ciumento. No estado egocêntrico, nós humanos, nos tornamos cegos e olhamos apenas para o nosso rechonchudo umbigo. Não vemos que o outro ser também possui necessidades e acabamos o prendendo em uma prisão para que apenas nos possamos ama-lo. Viu? Amar é ruim.
Não pensem que é apenas ciúme que o amor causa. Pois não é. Amor trás saudade. Trás aquela necessidade fervilhante de ter sempre por perto o ser amado. Tornamo-nos dependente ou de uma forma mais explicita da palavra, nos tornamos um completo viciado no amor. E se bem me lembro, na escola aprendemos que vício é uma doença que requer até tratamento para a cura. Alguém acha bom estar doente? Não! Devia haver clínicas de reabilitação para quem ama compulsivamente (eu seria o primeiro a me internar. E passaria no mínimo uns vinte anos).
Mas o homem é mesmo teimoso, pois ainda assim insiste em amar. Essa ignorância deveria ser retirada com palestras realizadas na escola. Chega de amor. Chega de beijos sob um céu estrelado. Chega de abraços que sempre tiram o cansaço de um dia estressante. Chega de passar horas e horas deitado na cama abraçando alguém que supostamente amamos. Por que isso tudo não passa de uma falsa ilusão. O amor chega de mansinho. Entra sem bater na porta de nossos corações e faz nascerem desejos que a princípios são lindos. Mas quando nos deparamos com a dura realidade vemos que estamos sendo consumido e controlado por esse sentimento abusado.
O amor ainda por cima é tão previsível. Há milhares de anos que compramos as mesmas flores para dar ao ser amado. As rosas, as violetas e as demais flores já estão cansadas de morrerem em nome de algo que só faz mal. Quantos poetas não fizeram os seus primeiros versos para comover a pessoa amada? O amor é tão clichê. É sempre o mesmo mecanismo: Abraço, beijo, carinho e depois vem o inocente o amor com sua cor vermelha que colore todos os corações desenhados nas cartas que escrevemos.
Amar é dançar bem agarradinho ao som da música sensual do Reginaldo Rossi. Amar é brega. O amor não tem aquela pinta de descolado que sempre procuramos para conseguirmos ser alguém em nosso meio social. Então para ser especial entre milhares de pessoas não ame. E hoje em dia quem não quer ser especial?
Temos que ir contra o amor. Fazer publicidade mostrando todas as desvantagens de amar. Trocar os avisos de perigo do câncer que existem atrás dos maços de cigarros por os avisos de perigo do amor. Fazer comerciais dizendo o quão o amor é ruim. Campanhas educativas: tenha amor à vida, não ame. E assim criar uma geração de pessoas com uma devota aversão a esse sentimento que há tanto tempo nos escraviza e nos oprime. E o amor se tornaria apenas mais um tema gritado por mendigos loucos em plena praça pública.
Eu queria poder dizer mais sobre as reais desvantagens de amar. Mas infelizmente não posso. Por ironia do destino enquanto escrevo essa retórica libertadora de mentes, minha linda namorada está me ligando. Mas não abandonarei este texto sem antes dizer o pior efeito que o amor pode causar: A total mudança de personalidade e ideias. Então, agora esqueço tudo o que a aqui escrevi e vou atender ao telefone. Por que, infelizmente, eu a amo...