Meu Del Rey e Suas Estórias
Há quem tenha Land Rover e o famoso Camaro
Há os que sempre se ostentam com o que é muito mais caro
É a idéia do momento, sertanejo universitário
É uma idéia que pra mim quem adere é primário
Mas minha praia é um Fordão o meu carro é um Del Rey
Se é que pode chamar carro, esse tal “Charango fêi”
Minha mulher é quem mais sofre por estar “andando a pé”
Mas eu tenho este Del Rey antes mesmo da mulher
Foi difícil conquistá-la, pois na lábia a derrubei
Eu não tinha Land Rover, só a praga do Del Rey.
Na BR igual tapete Delreyzão deu quase oitenta
Bateu igual escola de samba, quando o salgueiro arrebenta
Minha esposa perguntou: o painel não está quebrado?
Como soube dos oitenta que o Del Rey fez embalado?
Respondi logo pra ela: mulherzinha sem maldade
No painel do motoqueiro constatei velocidade
Ela fez um comentário que soou meio sucinto
E o dia que o Del Rey "fez com nós" cento e cinco?
Eu a fiz bem recordar desse dia tão malvado
Foi quando em desespero "nós no guincho foi fretado".
Suspensão tão barulhenta logo fiz um orçamento
O mecânico sem mãe me falou “mili e duzento”
Esse cara tá maluco! Eu de raiva retruquei
“mili e duzento” é o dobro do valor do meu Del Rey
Fui na loja de acessório pra resolver o bagulho
Instalei um som maneiro e desapareceu o barulho.
Delreyzão as mina pira, ele é o quente pelando
Estourou o radiador temperatura aumentando
Delreyzão as mina pira, ele é possante e massa
Onde para ele deixa uma poça de óleo e graxa.
Pra um retoque na pintura eu o levei ao lanterneiro
O cara disse pra mim que o que eu preciso é de um pedreiro
Chapar massa com colher trabalhando o dia inteiro
Tudo bem já entendi, meu problema é dinheiro.
Um colega de negocio me fez uma oferta forte
Ele disse: vamos cortar esse seu Del Rey num lote?
Eu de pressa respondi com os olhos a brilhar
Onde é o lote meu amigo vamos sim negociar
Ele disse: que negocio? Você parece que é bobo
Vou cortar essa carroça pelo meio e botar fogo.
Coloquei nele uma placa que estava escrito: (Vendo)
Logo me escreveram em baixo: (Eu duvido, nem querendo)
Tudo bem eu me acostumo, afinal o carro é meu
Tudo bem é uma ova, é um malvado quem escreveu.
Meu Del Rey tem tanta estória se eu contar ninguém acredita
Como tudo tem um fim troquei ele numa cabrita.
Mas agora sou feliz e vou tocando a vida
Ando a pé ou de buzão quando passo na avenida.
Pelo menos de um peso em minhas costas me livrei
Nunca mais eu vou andar naquela bomba do Del Rey.