A PERFEITA MÁQUINA IMPERFEITA

A PERFEITA MÁQUINA IMPERFEITA

(Autor: Antonio Brás Constante)

O corpo humano é uma máquina fabulosa que guarda informações, nutrientes, sentimentos, gorduras, segredos e muitos mais (não necessariamente nesta ordem). Dispõe de alarmes silenciosos que avisam quando o homem necessita de: sexo, descanso, cerveja, comida, futebol e mais cerveja. No caso das mulheres troque as palavras “sexo”, “cerveja” e “futebol” por “ir ao shopping” e ficará tudo bem.

Nosso corpo também dispõe de alguns sentidos que servem, entre outras coisas, para alertar sobre certos deveres para com ele mesmo. Por exemplo, através do olfato consegue-se perceber que está na hora do banho. Se o olfato não funcionar, a sua visão das pessoas virando o nariz ao “sentirem” sua presença pode ser bem esclarecedora. Se isto também não funcionar os seus ouvidos ainda podem captar comentários sobre o seu “odor”. Se tudo mais falhar, paciência, mas não reclame da vida.

Cada pessoa dispõe de uma farmácia de manipulação ambulante dentro de si, que vive em constantes processos químicos, podendo causar euforia, desânimo, sono, dor de cabeça, etc. Muitas vezes são acrescentados outros elementos químicos ao corpo, de teor alcoólico. Estes elementos acabam entrando em choque com os componentes que já estavam ali, embaralhando totalmente os sentidos, fazendo a mente esquecer que tem de controlar o corpo, deixando-o livre para aprontar coisas inimagináveis e estúpidas. O resultado desse fiasco é chamado de ressaca, e é bem feito para os dois (a mente e o corpo), para quem sabe assim, tomarem juízo ao invés de uísque, cerveja, cachaça, etc.

A máquina humana é extremamente durável, com probabilidade de vida útil por dezenas de anos. Ela trabalha vinte quatro horas por dia, pois mesmo dormindo, continuamos funcionando no automático (respirando e bombeando sangue). Mantendo a chama da vida acessa para que possamos voltar as nossas rotinas no dia seguinte, provavelmente executando tarefas que colocam em risco nosso corpo, como dirigir de forma imprudente, ou comer coisas que matam a fome e danificam o resto, apenas para agradar nosso paladar. Estas rotinas nos ajudam a passar o tempo até que o motor pife e sobrem apenas lembranças de nossa existência nos computadores cerebrais de nossos entes queridos.

Somos os pilotos que devem comandar esta nave de carne ambulante. Desajeitados e inconseqüentes, tentando operá-la com apenas uma mínima porcentagem de nossa capacidade pensante, já que a maior parte da massa cerebral é utilizada para discutir sobre os melhores lances de futebol da história ou para relembrar e comentar os capítulos das novelas. Para piorar, o corpo não dispõe de um manual de instruções, e com exceção de alguns poucos “doutores”, a grande maioria conhece apenas as funções básicas dele e algumas vezes ainda trocam literalmente os pés pelas mãos.

Enfim, o corpo é o meio de transporte que recebemos no pacote turístico da vida. Devemos aprender a gostar dele (por total falta de opções). Anotar as queixas sobre eventuais falhas em nossas mentes, deixando para reclamar com o dono do projeto logo após abandonar o que sobrou desta máquina corpórea. Torcendo para que num eventual retorno a este mundo, possamos vir em uma embalagem com mais potencial. Quem sabe como um famoso jogador de futebol, um astro do rock, ou pelo menos com os números premiados da loteria anotados em algum recanto de nossa memória.

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O TEXTO: VOLTA DAS FÉRIAS (Você sobreviveu?)

“... São muitas as cobranças que sofremos, começando pelos pedágios, que se enfileiram pelas estradas, esperando o pobre viajante passar para pegarem uma fatia de seu salário. Lembrando-nos que mesmo em nossas férias o governo ainda consegue por a mão em nosso bolso...”

Antonio Brás Constante
Enviado por Antonio Brás Constante em 12/03/2007
Código do texto: T409652