A ESCALAFOBÉTICA E ESTRAMBÓTICA HISTÓRIA DE JOSEFO E JOSEFA

Josefo era padre, já com mais de 30 anos de sacerdócio. Muito recatado e muito tímido, ainda corava quando lhe falavam de sexo ou das particularidades e intimidades de casais. Josefa era madre superiora, já com mais de 30 anos de vida reclusa. Também muito recatada e igualmente muito tímida, ainda corava quando lhe falavam de sexo ou das intimidades e particularidades de casais. Ambos ruborizavam tão demasiadamente que chegavam a sumir de não serem mais vistos, de tanto pudor.

Certa feita o Destino lhe pôs as garras fatídicas e as Moiras fizeram uso da Roda da Fortuna e lhes teceram seus desígnios quando, um dia, os colocou frente a frente, na ocasião em que o padre Josefo fora celebrar uma missa de ação de graças no convento onde a madre superiora Josefa era reclusa.

Os olhos se cruzaram numa fração de segundo e para o espanto e comoção geral dos religiosos e das famílias, decidiram abandonar os hábitos, o sacerdócio, a reclusão.

Casaram-se conforme as Leis da Igreja e recatadamente foram viver suas vidas de recém-casados. Descobriram tardiamente as delícias do sexo e se entregaram um ao outro, logo na primeira noite, despudorados e insaciáveis. Não coravam mais. O furor sexual estraçalhou o pudor e a vergonha e a timidez.

Passaram a fazer sexo diuturnamente. Ora no quarto, ora na sala, ora na cozinha. Faziam sexo no café da manhã e enquanto preparavam o almoço, em meio às louças do jantar, na pia enquanto lavavam os pratos, no banheiro, durante o banho, depois do banho, sobre a cama, debaixo da cama, dentro do guarda-roupa, em cima do guarda-roupa, no sofá da sala, em cima da televisão, na área de serviço, na lavanderia, em cima da máquina de lavar, na cozinha, em cima do fogão, dentro da geladeira, no quintal, no jardim, em cima da casa, e onde quer que fosse não reprimiam a vontade de se amar.

A casa inteira então lhes tomou o cheiro do sexo. Tudo cheirava a sexo. Na sala, na cozinha, na cama, debaixo da cama, dentro do guarda-roupa, em cima do guarda-roupa, no sofá da sala, em cima da televisão, na área de serviço, em cima da máquina de lavar, na cozinha, em cima do fogão, dentro da geladeira, no quintal, no banheiro, no jardim, em cima da casa. Toda a casa, nos mais recônditos lugares, cheirava a sexo.

Certo dia, quando estavam em pleno furor sexual no sofá da sala, os amigos e familiares lhes fizeram uma visita surpresa a fim de saber como estavam se saindo na vida de casados. Recompuseram-se imediatamente e, com alegria e visivelmente encabulados, receberam os amigos.

No instante em que entrou na sala, um dos visitantes exclamou em alto e bom som:

- Que cheiro de bacalhau!

Josefo e Josefa de mãozinhas dadas ficaram corados de tanto rubor e vergonha, e ainda antes de sumirem, bem antes de não serem mais vistos de tanto pudor, ouviu-se assim ela dizer:

- Deve ser no vizinho.