O Futuro do Barbeiro, ou o Barbeiro do Futuro?
O futuro do barbeiro chegou.
Estamos vivendo os tempos mais modernos, para este que empunha a bandeira de uma das mais antigas profissões, que é a arte de cortar cabelo. De visão nostálgica, o barbeiro desempenha um importante papel dentro da sociedade, à quem abdica de seus hábitos para manter nosso charme. Nos embelezam durante o início, meio e final de semana, faça chuva ou faça sol, entra e sai ano. Hoje, freqüento o Salão do Sr. Antônio Cerqueira, que divide o espaço com o filho Hebert, a quem passou a sublime profissão que exerce desde os tempos da navalha e seu pau de pita. Situado à av. Álvares Cabral, 894, esquina c/ rua São Paulo e av. Bernardo Guimarães, junto ao Sacolão Horti Fruti, a banca de jornais do Wesley, o bar e restaurante do Victor (Sílvio) e uma agência do Bradesco, o Sr. Antônio detém o ponto há mais de 5 décadas. E por estar próximo à Sede onde trabalho, acabei por conquistar sua amizade e obtive seu” permisso” para incluir-me em sua nobre clientela. Nobre por que na região fincam pé a Sede da Assembléia Legislativa, o TJMG, o CREA, um complexo centro bancário e comercial, dando origem à sua população de magistrados e homens de negócio. Mas na hora do salão, eles viram outros. Ninguém quer esquentar a cabeça e sim aproveitar o tempo para jogar conversa fora. Lá – como em todo salão que se preze - lá o futebol também disputada suas preferências. Política? Claro. Também se fala, mas nem tanto, até porque, muitos o são. Basta que o freguês seja atendido e ponha o pé do lado de fora, pra você ficar sabendo que estava dando fartas gargalhadas, com Dr. Isso, Dr. Aquilo, Dr. Aquilo Outro. Como diríamos nós aqui da baixa – gente da mais alta . Mas o que quero falar mesmo não é de sociedade e sim da singularidade dos dias de hoje, a que se tornou sua majestade “o barbeiro”. Como o jovem de hoje frequenta aos salões de beleza, ao primeiro restou-lhe a clientela da melhor idade e com esta, suas necessidades. Com a expressão “o futuro do barbeiro chegou”, quero dizer que nos dias atuais, ele exerce o papel de tudo, menos o de próprio barbeiro. Se não vejamos:
- barbeiro “Administrador” – sim; hoje ele mais administra os poucos fios que nos restam, do que propriamente os corta.
Ai dele, se por ventura nos corta unzinho que seja, a mais. Hummmmm, cara.
Sei não! - E o Otorrinolaringologista? Qual? É aquele que depois de administrar, apara os fios de cabelo que invadem-nos as orelhas, saltam-nos do nariz e outras cositas mais, rsrsrs. Assim mesmo. Nascem em todo lugar, menos na cabeça.
Éh, meu amigo. A vida não é como música. A vida não tem ensaio. Mas pensando bem, ela chega até ser um tanto quanto condescendente conosco. Vejam.
Numa certa altura, ela nos concede a seguinte opção de escolha:
você quer ficar careca, ou continuar cabeludo? Pergunta-nos.
Careca é o seguinte: careca de todo, sem um fio pra contar a estória, com aquela testa num ridículo brilhante, ou careca não de todo, com somente um pequeno montinho de cabelos à frente, distanciando daqueles ralos cabelinhos, já grisalhos, nas laterais, salientando o gigantismo de nossas orelhas, que diga-se de passagem, até à nossa morte, é a única coisa que, além da idade, continua a crescer.
E cabeludo? Bom: aí é continuar dono de sua posse, porém descaracterizados com aqueles acinzentados naturais feiosos, ou pintados para camuflarr-lhes o branco, tornando-se mais encardidos que pano de balcão de botequim de rodoviária.
Dentre essas opções eu escolhi ficar careca. Lembrei-me daquela famosa marchinha “é dos carecas que elas gostam mais”. Ledo engano. Me dei mal.
Aquela música foi encomendada. E você? O que escolheria? Bom; enquanto não decide, deixo aqui um “post” encontrado num blog muito legal, de um cara que fala da cilada pela qual passa, na busca de shampoos prometidos da solução da calvície. Os comentários são do próprio blogueiro. Diz ele: “de seis em seis meses, mais ou menos, chega o dia de comprar Shampoo. Sim, esse assunto já foi discutido e elucidado inúmeras vezes, mas sempre é bom lembrar aos cabeludos desavisados que carecas também usam shampoo, sim. Meus cabelos aqui dos lados ficam sempre muito curtinhos, mas ainda assim eles são cabelos, ao contrário da maioria presente (ausente?) eles não me abandonaram e merecem ficar limpinhos.
E eu tenho uma careca cheirosa. E tenho dito.
É um desgaste toda vez que eu falo de shampoo…
Mas enfim, chegou o jubiloso dia da compra. Evento que me faz ir mais feliz ao supermercado. Hora de contemplar aquela gôndola enorme que permanece ignorada por tantos meses, com suas fileiras imensas de tubos coloridos. Na época em que eu tinha franja, vendiam-se apenas três tipos de shampoo: pra cabelo seco, oleoso ou normal. O mais diferente que existia era condicionador neutrox. Hoje em dia cada marca tem dez modelos diferentes. Bom, o jeito é ler estas embalagens e ver se alguma coisa combina com as minhas necessidades.
Cachos soltos: na verdade eu tenho os cachos soltos mesmo. Soltei demais, eles se perderam e nunca mais conseguiram voltar pra casa. Mas eu não sou viúvo de peruca, não tô esperando ninguém voltar.
Hidra Liss: o que é isso? Se eu tivesse que usar algo Hidra Liss eu não saberia o que eu sou.
Oil Repair: esse eu compraria pra por no carro. Desculpe mas Oil Repair não é nome de shampoo, é nome de aditivo.
Você nunca foi no posto e o frentista lhe tentou empurrar isso? “Dotô, o sinhô vai querer o Maxxi Power Plus ou o Maxxi Power com Oil Repair?
Long Strong: bom; essa parte do corpo eu lavo com sabonete mesmo.
Volume controlado: esse seria bom pra minha empregada, que fala mais que pobre na chuva. Se desse pra regular seu volume, seria uma maravilha. Eu nem precisava sair de casa quando ela entrasse. Só apertaria o “mute” e tudo ficaria tranqüilo.
Quimi-resist: este não compraria. Aqui num mi resistiu pooorra nenhuma. Caiu tudo no chão.
Normais: se eu não sou normal, meu cabelo muito menos (alias é muito menos, mesmo). Agora pergunto: custava alguém fazer um shampoo para poucos cabelos? Ou um shampoo para cabelos fiéis? Ou quem sabe um para cabelos afastados uns dos outros?
Despois de quase vencido pelo cansaço e ignorado por toda a indústria farmacêutica mundial, ali, quase escondidinho, bem na prateleira de baixo, finalmente encontrei um shampoo feito pra mim:
brilho deslumbrante: bota aí uns óculos escuros que é hoje que eu vou dar um lustre no telhado.”
O futuro do barbeiro chegou.
Estamos vivendo os tempos mais modernos, para este que empunha a bandeira de uma das mais antigas profissões, que é a arte de cortar cabelo. De visão nostálgica, o barbeiro desempenha um importante papel dentro da sociedade, à quem abdica de seus hábitos para manter nosso charme. Nos embelezam durante o início, meio e final de semana, faça chuva ou faça sol, entra e sai ano. Hoje, freqüento o Salão do Sr. Antônio Cerqueira, que divide o espaço com o filho Hebert, a quem passou a sublime profissão que exerce desde os tempos da navalha e seu pau de pita. Situado à av. Álvares Cabral, 894, esquina c/ rua São Paulo e av. Bernardo Guimarães, junto ao Sacolão Horti Fruti, a banca de jornais do Wesley, o bar e restaurante do Victor (Sílvio) e uma agência do Bradesco, o Sr. Antônio detém o ponto há mais de 5 décadas. E por estar próximo à Sede onde trabalho, acabei por conquistar sua amizade e obtive seu” permisso” para incluir-me em sua nobre clientela. Nobre por que na região fincam pé a Sede da Assembléia Legislativa, o TJMG, o CREA, um complexo centro bancário e comercial, dando origem à sua população de magistrados e homens de negócio. Mas na hora do salão, eles viram outros. Ninguém quer esquentar a cabeça e sim aproveitar o tempo para jogar conversa fora. Lá – como em todo salão que se preze - lá o futebol também disputada suas preferências. Política? Claro. Também se fala, mas nem tanto, até porque, muitos o são. Basta que o freguês seja atendido e ponha o pé do lado de fora, pra você ficar sabendo que estava dando fartas gargalhadas, com Dr. Isso, Dr. Aquilo, Dr. Aquilo Outro. Como diríamos nós aqui da baixa – gente da mais alta . Mas o que quero falar mesmo não é de sociedade e sim da singularidade dos dias de hoje, a que se tornou sua majestade “o barbeiro”. Como o jovem de hoje frequenta aos salões de beleza, ao primeiro restou-lhe a clientela da melhor idade e com esta, suas necessidades. Com a expressão “o futuro do barbeiro chegou”, quero dizer que nos dias atuais, ele exerce o papel de tudo, menos o de próprio barbeiro. Se não vejamos:
- barbeiro “Administrador” – sim; hoje ele mais administra os poucos fios que nos restam, do que propriamente os corta.
Ai dele, se por ventura nos corta unzinho que seja, a mais. Hummmmm, cara.
Sei não! - E o Otorrinolaringologista? Qual? É aquele que depois de administrar, apara os fios de cabelo que invadem-nos as orelhas, saltam-nos do nariz e outras cositas mais, rsrsrs. Assim mesmo. Nascem em todo lugar, menos na cabeça.
Éh, meu amigo. A vida não é como música. A vida não tem ensaio. Mas pensando bem, ela chega até ser um tanto quanto condescendente conosco. Vejam.
Numa certa altura, ela nos concede a seguinte opção de escolha:
você quer ficar careca, ou continuar cabeludo? Pergunta-nos.
Careca é o seguinte: careca de todo, sem um fio pra contar a estória, com aquela testa num ridículo brilhante, ou careca não de todo, com somente um pequeno montinho de cabelos à frente, distanciando daqueles ralos cabelinhos, já grisalhos, nas laterais, salientando o gigantismo de nossas orelhas, que diga-se de passagem, até à nossa morte, é a única coisa que, além da idade, continua a crescer.
E cabeludo? Bom: aí é continuar dono de sua posse, porém descaracterizados com aqueles acinzentados naturais feiosos, ou pintados para camuflarr-lhes o branco, tornando-se mais encardidos que pano de balcão de botequim de rodoviária.
Dentre essas opções eu escolhi ficar careca. Lembrei-me daquela famosa marchinha “é dos carecas que elas gostam mais”. Ledo engano. Me dei mal.
Aquela música foi encomendada. E você? O que escolheria? Bom; enquanto não decide, deixo aqui um “post” encontrado num blog muito legal, de um cara que fala da cilada pela qual passa, na busca de shampoos prometidos da solução da calvície. Os comentários são do próprio blogueiro. Diz ele: “de seis em seis meses, mais ou menos, chega o dia de comprar Shampoo. Sim, esse assunto já foi discutido e elucidado inúmeras vezes, mas sempre é bom lembrar aos cabeludos desavisados que carecas também usam shampoo, sim. Meus cabelos aqui dos lados ficam sempre muito curtinhos, mas ainda assim eles são cabelos, ao contrário da maioria presente (ausente?) eles não me abandonaram e merecem ficar limpinhos.
E eu tenho uma careca cheirosa. E tenho dito.
É um desgaste toda vez que eu falo de shampoo…
Mas enfim, chegou o jubiloso dia da compra. Evento que me faz ir mais feliz ao supermercado. Hora de contemplar aquela gôndola enorme que permanece ignorada por tantos meses, com suas fileiras imensas de tubos coloridos. Na época em que eu tinha franja, vendiam-se apenas três tipos de shampoo: pra cabelo seco, oleoso ou normal. O mais diferente que existia era condicionador neutrox. Hoje em dia cada marca tem dez modelos diferentes. Bom, o jeito é ler estas embalagens e ver se alguma coisa combina com as minhas necessidades.
Cachos soltos: na verdade eu tenho os cachos soltos mesmo. Soltei demais, eles se perderam e nunca mais conseguiram voltar pra casa. Mas eu não sou viúvo de peruca, não tô esperando ninguém voltar.
Hidra Liss: o que é isso? Se eu tivesse que usar algo Hidra Liss eu não saberia o que eu sou.
Oil Repair: esse eu compraria pra por no carro. Desculpe mas Oil Repair não é nome de shampoo, é nome de aditivo.
Você nunca foi no posto e o frentista lhe tentou empurrar isso? “Dotô, o sinhô vai querer o Maxxi Power Plus ou o Maxxi Power com Oil Repair?
Long Strong: bom; essa parte do corpo eu lavo com sabonete mesmo.
Volume controlado: esse seria bom pra minha empregada, que fala mais que pobre na chuva. Se desse pra regular seu volume, seria uma maravilha. Eu nem precisava sair de casa quando ela entrasse. Só apertaria o “mute” e tudo ficaria tranqüilo.
Quimi-resist: este não compraria. Aqui num mi resistiu pooorra nenhuma. Caiu tudo no chão.
Normais: se eu não sou normal, meu cabelo muito menos (alias é muito menos, mesmo). Agora pergunto: custava alguém fazer um shampoo para poucos cabelos? Ou um shampoo para cabelos fiéis? Ou quem sabe um para cabelos afastados uns dos outros?
Despois de quase vencido pelo cansaço e ignorado por toda a indústria farmacêutica mundial, ali, quase escondidinho, bem na prateleira de baixo, finalmente encontrei um shampoo feito pra mim:
brilho deslumbrante: bota aí uns óculos escuros que é hoje que eu vou dar um lustre no telhado.”