"Coluna mui patriota, a Contracapa aproveita o Carnaval para reverenciar outras duas instituições nacionais: a mulher bonita e a bandeira do Brasil. A bela Cleris Facco enfrentou o nordestão no Litoral enrolando-se em uma canga estampada pelo pavilhão pátrio - e, sereia que é, deixou um sujeito prostrado na beira do mar enquanto saía d'água." - Roger Lerina
Foto - Segundo Cadero - Jornal Zero Hora - 21.02.07


Fêmea Nota 9,99


Viram o exemplar feminino gaúcho acima, representando as qualidades animais e reprodutivas de nossa espécie?
Nota 10, não? NÃO!!! Tirei 0,01 dela devido a um detalhe que não passou despercebido aos meus olhos de carcará sanguinolento.
Vocês perceberam qual é?
Mas abaixo eu digo.

Enquanto vocês descobrem, vamos conversar um pouco.
Carnaval, o que é?
Pelo que se vê nos jornais e majoritariamente na TV, carnaval é mulher gostosa e famosa pelada. Ou uma variação disso, pois a pelada pode não ser famosa.
Abro os jornais estaduais aqui do Rio Grande e o que vejo, em época de carnaval? Somente fotos das "musas", rainhas de bateria, etc.
Nada contra elas, as rainhas de bateria e as peladas. Até porque mulher pelada é requisito para a perpetuação da nossa espécie. "Amai-vos e multiplicai-vos " - disse Ele.
Mas porque reduzir a beleza do Carnaval a isso? E o samba? E o samba no pé? E as fantasisas? E os carros alegóricos? E a cultura dos temas e sambas enredo?
Porque reforçam um só aspecto, que faz parte, mas que, supervalorizado (vide Carne Vale, na minha página), reduz a importância do evento?
Ora, se o vivente quer mulher pelada (aqui reduzida, também, apenas a sua dimensão de fêmea), ele compra uma revista masculina, aluga um filme erótico, vai numa "boate", pega uma garota de programa, acessa "aquilo" na Internet, vai a praia, etc.
Até por isso escolhi a foto acima, de uma fêmea da nossa espécie. E digo fêmea porque quem procura isso que está ali em cima, só pelo exterior, não está procurando mulher. Mulher é também isso, mas também muito mais que isso. Essencialmente muito mais que isso.
Mulher pelada é arte? Claro! Seja esculpida, desenhada, fotografada ou descrita.
Contudo o Carnaval, ao contrário da "edição" da nossa mídia impressa, não é apelo erótico e sensual apenas. Carnaval é também muito mais que isso!
Entretanto, devido a ênfase erótica na mulher objeto (que é, porisso, diga-se, machista e homofóbica), leva a uma mediocridade e ignorância cultural.
Depois ficam reclamando que os gringos querem vir pro Brasil só pra fazer turismo sexual. Mas o que é que se vende nesse país, meu Deus! Só mulher pelada no Carnaval! E as outras coisas desta grande festa popular?

Ah, isso é um texto de humor reflexivo, já que a vida é, em boa parte, uma piada filosófica.

Bueno, se você não percebeu, eu tirei 0,01 da lindona lá de cima por causa do... piercing no umbigo dela!
Na foto que saiu na edição impressa, bem maior, dá pra ver bem claramente esse detalhe. Aqui ficou mais difícil, reconheço.
Detesto piercing no umbigo! Que nem o Zeca Baleiro naquela música.
Dá-me a impressão de... bom, prefiro não dizer. Não seria respeitoso de minha parte dizer isso, pois todos tem liberdade de escolha e um piercing no umbigo não é uma questão social e política que mereça um comentário crítico sincero.
Agora, se ela estivesse "indo" e não "vindo", e eu percebesse uma daquelas tatuagens tribais bem acima da bunda, ornamentando a "sambiqueira", daí tirava três pontos dela.
Também detesto aquelas tatuagens tribais na "sambiqueira", pois acho-as... bom, prefiro não dizer também. "Cada um na sua e todos com free".

Contudo, olhando a foto, vemos que a praia é o paraíso masculino, não?
Lá tem tudo o que de mais importante existe para um homem. O sol, o mar, o verde e as adoráveis, sempre adoráveis, mulheres.
O resto é piercing no umbigo.


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Com mais esse texto encerro  a alusão a data da mulherada.
Fui criado num ambiente amplamente feminino, pois era só eu de homem no meio de várias mulheres de meu núcleo familiar mais básico de convivência cotidiana: minha mãe e minha irmã, minha tia e minhas quatro primas. Meu pai e meu tio trabalhavam e bandeavam muito.
Elas foram muito importantes para minha formação como pessoa, dando até um diferencial à mesma com relação aos homens criados em ambientes majoritariamente masculinos.
Hoje se agregaram a elas minha esposa e minha filha e..  minha sogra, que é um amor e desmente a fama popular.
Todas elas tem uma marca: não são como as mulheres de atenas. Amam, trabalham, estudam, tem opinião e participação social. Admiro-as muito por isso.

Mas queria ressaltar hoje as matriarcas da família, as minhas duas tias-avós. Não conheci minhas avós. A paterna, dona de casa em uma família de agricultores, foi mãe de 12 filhos; a materna, viúva cedo com duas filhas adolescentes e um menino para criar, foi à luta e até fez história (teria sido a primeira mulher a trabalhar como agente penitenciária no RS, relatam seus contemporâneos que ainda vivem).
Mas minhas tias tias-avós preencheram essa função com muita dignidade.

A tia-avó materna, a Tia Otília, foi um esteio para a família de minha genitora, ajudando na dificuldade, assumindo minha mãe e minha tia quando estas ficaram órfãs. Grande mulher, grande exemplo de vida. Aos setenta anos, costureira aposentada, construiu uma casa nova para morar junto com a família do seu filho mais novo. Ao falecer, já tinha tudo pronto e pago para seu enterro, para não dar trabalho pra ninguém. Que Deus a tenha no seu amor infinito.

E tem a tia-avó materna, a Tia Ná ou Nazinha. Minha madrinha e madrinha do meu pai. Outro esteio familiar, ponto de referência para toda a família Guerreiro. Generosa, ajudou a muitos em momentos difíceis. Fez 95 anos em janeiro. Outra grande mulher, outro grande exemplo.

As famílias Souza e Guerreiro devem muito a elas, principalmente pela formação moral e ética. Meu pai, minha mãe e minha tia honram elas e eu, minha irmã e minhas primas, creio, também.

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Haikais da poetisa Maria Aparecida Giacomini Dóro sobre telas de Salvador Dali.



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