O Internauta Sem Tamanho

Jorge Linhaça

14 de fevereiro de 2004

Ah essa internet e suas surpresas ímpares !

Um perfil em um site de encontros...um interesse aqui e ali..

Vou escrever para ele...

E assim começa mais uma estória internáutica.

A correspondência fascina e o texto aproxima as pessoas...

Uma volta ao passado com um pé no futuro...os namoros por carta ganharam nova roupa, agora as letras viajam em papéis de carta eletrônicos...quase tempo real...

Mas voltemos à nossa história...

Eles se conheceram e começaram a se corresponder, as conversas a principio banais foram tomando forma e conteúdo, seus pensamentos e idéias foram sendo trocados e surgiu um admiração entre eles.

O clima foi esquentando e o interesse foi surgindo assim meio que por uma magia...a palavra tem muita força.

Por fim o inevitável ( ou quase ) acontece, resolvem se encontrar.

Trocam características físicas, fotos de rosto até... combinam o lugar para se conhecerem...ansiedade na alma.

Finalmente chega o grande dia, lá vai ela toda faceira ao encontro daquele homem interessante, com um bom papo, será que finalmente encontrou o seu sapo?

Ela vai pensando mil coisas, será que ele vai gostar de mim??

Como será que está minha roupa?? Devia ter me arrumado mais?? Ah dane-se se tiver de gostar de mim vai gostar assim mesmo...

Chega ao local do encontro evidentemente ansiosa. Procura pelo seu par virtual e finalmente seus olhos repousam em um homem sorridente visivelmente nervoso...

Seu semblante cai, movido por uma decepção que não esperava sentir...Lá está ele, o sapo encantado...está certo não esperava mesmo um príncipe encantado, afinal as princesas já levaram todos embora...

Mas ao conhecer aquele homem passou a considera-lo um gigante, um grande homem pela grandiosidade de sua alma, portanto a imagem que fizera dele era de alguém alto...

Agora está ali diante dele...seus quase 1,80 m na verdade não passam de uma pequena mentira contada para manter a magia

e conhecê-la...aproxima-se do seu sapo e percebe que ele não chega nem mesmo ao seu tamanho, sente-se constrangida e com um misto de emoções que complicam seu coração...gosta da pessoa do ser humano que aprendeu a admirar, mas fisicamente é impossível se imaginar ao lado desse homem pequeno...conversam e ela acaba por decidir que é melhor não se encontrarem mais...

Volta para casa e ao entrar corre de encontro ao seu anão de jardim e o abraça fortemente, pela necessidade de se sentir protegida.

E pensa...poxa , ele podia ter pelo menos o teu tamanho né amigo??