Mais uma versão do fim do mundo
E eis que veio uma grande onda e acabou com todos os homens, mulheres, idosos, crianças, travestis, transexuais e adolescentes.
Principalmente, adolescentes.
Mas, em compensação, ficaram as bibliotecas.
E nelas escrito o nome de todas as coisas.
Se bem que agora não deviam nada a ninguém e
podiam se chamar como bem quisessem.
E foi então que o laçador declarou-se
“Macanudo por demais” e não mais laçador.
O gato passou a atender por “Felis Dorminhocus”.
Os livros, “bom pra burros”.
As camas, “trepadeiras”.
Houve por todas as bandas um espreguiçamento de alívio.
Cães anunciaram-se “sarnas”.
Sarnas anunciaram-se “veterinários”.
E para sempre as TVs que haviam se intitulado “Traças e Vermes - TVs”
ficaram livres das desprezíveis campanhas políticas.
Inspirado no poema Fim do Mundo de Mario Quintana.