Dingo
# Dingo: o detetive que assusta a todos com sua assombrosa inteligência.
# Lassie: a secretária de Dingo, mais burra que uma anta loira e mais inteligente que um vírus.
# Lollipop: o policial preguiçoso e interesseiro.
# Piradão: é sempre o criminoso, mas ninguém nunca sabe disso.
# Filho do Prefeito: a vítima oficial.
# Gato: o gato inspirador de Dingo. Peça-chave da história, sem o qual ela não existiria.
Ato 1 - O roubo
TELEFONE: TRIIIIIIM! TRIIIIM! TRIIIIIIIIM!
DINGO: LASSIE! O TELEFONE!
LASSIE(cantando): I go wherever you will go…
DINGO (atendendo o telefone): Alô? Hã, é a polícia? (Ai, meu Deus, será que descobriram aquele esquema do concurso público?) Qual é o problema? Ah, é só isso? Tá, tá, já vou.
LASSIE: I go wherever you will goooOOOAHH! (grito estridente)
DINGO (retirando o fone de ouvido de Lassie): O telefone tá te chamando, acho que quer falar com você, sabe?
LASSIE: Diz que eu vou demorar a voltar.
GATO: Miau.
LASSIE: Buáááá... Esse gato só fala coisas que eu não entendo...
DINGO: Anda, vambora.
LASSIE: Eu não, cê não disse que o telefone tá aí querendo falar comigo?! Eu lá tô querendo papo com quem eu não conheço?
GATO: Miau.
# Depois que Dingo garantiu a Lassie que o telefone já tinha ido embora, foram até a delegacia de polícia.
LOLLIPOP: Demoraram, hein? Como me deixam aqui esperando cinco minutos?
DINGO: Desculpe, senhor, mas hoje em dia está cada vez mais difícil atravessar a rua. Qual é o caso?
LOLLIPOP: É um roubo.
DINGO: E quem foi roubado?
LOLLIPOP: Ora, o Filho do Prefeito.
DINGO: Preciso dar uma olhada no local do crime.
LOLLIPOP: Vai fundo. É no parquinho daquela praça da esquina.
DINGO: Então vamos! Se pensarmos juntos, resolvemos isso mais rápido.
LOLLIPOP: Você acha que se eu quisesse ir até lá pra resolver essa #@$%& teria chamado você?
LASSIE: Peraí que eu vou pensar. Você... Er... Não ia?? Êêêê!!!
GATO: Miau.
# No parque:
FILHO DO PREFEITO (Tem trinta anos): Buááááá. Ele me rouboooou!!!
DINGO: Calma, calma. Ele quem?
FILHO DO PREFEITO: Ele.
DINGO: Tá, mas ele quem?!
FILHO DO PREFEITO: Ora, se eu soubesse que é ele, já teria dedurado.
LASSIE: Iupiiii! Iupiiiii!
DINGO: Lassie! Desce desse escorregador e vem me ajudar!
GATO: Miau.
DINGO: Sorte sua que eu já resolvi o caso.
# Ele vai até uma casa na favela e espanca uma porta.
DINGO: Atenção, Piradão! Saia com as mãos para cima!
PIRADÃO: Mas o que foi que eu fiz?!
DINGO: Roubou o Filho do Prefeito.
PIRADÃO: Como você descobriu?
DINGO: Sei lá! Você tá sempre metido em rolo. Se não tovesse roubado, com certeza ia ter cometido um outro crime pra eu te prender.
LOLLIPOP (Surgido do nada): Prontinho, Filho do Prefeito! Como você vê EU acabo de resolver o caso.
FILHO DO PREFEITO: Lero, lero, lero! Quem mandou roubar o meu pirulito?!
GATO: Miau.
Ato 2 - O assassinato
TELEFONE: TRIIIIM! TRIIIIIIIM!
DINGO: Alô? Quem é?
LOLLIPOP: Alô, gatinha... Ué, e a sua secretária gostosa?
DINGO: Ficou entalada no escorregador do parquinho. O que quer agora?
LOLLIPOP: Esse caso é muito grave. Mataram o Filho do Prefeito!!
DINGO: Meu Deus! Eu já estou indo!
# Dingo atravessa a rua, toma um ônibus na porta da Delegacia de Polícia e roda a cidade toda para descer na porta da Delegacia de Polícia.
LOLLIPOP: Já era tempo!
DINGO: A culpa é dos horários de ônibus.
LOLLIPOP: Tá, tá. O negócio é o seguinte: mandaram um corpo esfaqueado e com um bilhete: “Eu não disse que ia matar o Filho do Prefeito?”
DINGO: Quero ver o corpo.
# Chegaram ao necrotério e levantaram o pano que cobria o corpo. Tinha uma linda cabeleira loira e seios siliconados.
DINGO: Coitado!
FILHO DO PREFEITO (Chegando feliz por trás de Dingo): O que houve?
DINGO: O Filho do Prefeito morreu.
FILHO DO PREFEITO: Coitado. (Um momento de reflexão) Mas EU sou o Filho do Prefeito. Eu morri??!!
DINGO: Ele era tão jovem...
FILHO DO PREFEITO: Eu morriiiii... Buááááá...
DINGO: Mas será vingado! Agora, quem seria capaz dessa atrocidade?
FILHO DO PREFEITO: Peraí. Meu coração tá batendo. Eu não morri. ÊÊÊÊ!!!
DINGO: Deixa eu pensar... Quem pode ter matado o Filho do Prefeito?...
FILHO DO PREFEITO: Mas eu não morri! Olha aqui, ó!
DINGO (Sem nem olhar para ele): Já sei!
GATO: Miau.
# Dingo foi até uma casa na favela e quebrou a porta:
DINGO: Parado, Piradão! Ponha as mãos para o alto!
PIRADÃO: Pó, de novo?!!! Será que eu sou o único marginal do Rio de Janeiro??!!
DINGO: Não, mas é o único que eu conheço.
PIRADÃO: Não seja por isso, eu te apresento pra galera.
DINGO: Mas foi ou não foi você que matou o Filho do Prefeito?
PIRADÃO: É, foi, mas...
DINGO: Então por que ainda tá chiando?
PIRADÃO: É que é chato, você só bate na minha porta!
GATO: Miau.
# Lollipop prendeu Piradão e ficou com todos os créditos. Logo depois, fizeram o enterro do Filho do Prefeito.
PREFEITO: Meu filhinho... tão jovem... Ele só tinha trinta anos... Parece que foi ontem que ele ainda fazia xixi nas calças e via Teletubbies...
PRIMEIRA-DAMA: Mas querido, FOI ontem...
FILHO DO PREFEITO (Em pé sobre o caixão): Mas eu não morri, gente! Eu tô vivo!!
PREFEITO: Oh! Até parece que estou ouvindo a voz dele!
DINGO: Calma, Prefeito. Ele era um bom rapaz...
FILHO DO PREFEITO (Segurando o rosto de Dingo): Mas eu tô vivo!!!
DINGO: Sim, ele sempre estará vivo em nossos corações.
GATO: Miaaaau.
Ato 3 - O último caso de Dingo
TELEFONE: TRIIIM! TRIIIIIM!!!!
DINGO: Alô? Ah, Seu Lollipop. E aí? O QUÊ?! O Piradão fugiu. Tá, e a coisa horrorosa que você mencionou. Ih, calma, eu já vou.
# Dirigiu-se ao topo do prédio, entrou em um helicóptero e pousou suavemente no prédio do outro lado da rua.
LOLLIPOP: Dois minutos! Francamente... Ô sujeito preguiçoso!
DINGO: Alguma pista do fugitivo?
LOLLIPOP: Não... Nem do piradão... Ei, trabalhe! Você é o detetive particular aqui!
DINGO: Pois eu já tenho um palpite.
# Dirigiu-se (de novo) à mesma casa na favela, que nem porta tinha mais.
DINGO: Entregue-se, Piradão!
PIRADÃO: Como me achou aqui? Você é bom, hein?!
DINGO: Já é a vigésima vez que você foge da prisão e vem pra cá.
PIRADÃO: É que eu pensei que ninguém me procuraria aqui, num lugar tão óbvio...
DINGO: Pois saiba que terá que pagar caro pela morte do meu amigo Filho do Prefeito!
FILHO DO PREFEITO: Mas eu não morri! Por que ninguém me ouve?
GATO: Miau.
DINGO: (Dando um soco em Piradão): Isso é pela morte do meu amigo!
FILHO DO PREFEITO: MAS EU NÃO MORRI!!!!
# Ouve-se um barulho de tiro. O bandido gargalha.
# Piradão é recapturado, mas a alto preço.
LOLLIPOP: Pobre Dingo... Era o maior detetive que eu conheci, apesar de não ser tão bom quanto eu...
PREFEITO: Ele achou o assassino do meu filho... Pobre rapaz...
FILHO DO PREFEITO: Pai, eu não morri.
LOLLIPOP: Peraí, quem prendeu o Piradão fui eu!
GATO: Miau. Miau.
Epílogo
# PIRADÃO fez um exame de vista e constatou que era mais míope que uma toupeira, única razão pela qual achou que a Loira esfaqueada era o Filho do Prefeito.
# DINGO não morreu. Apenas se aproveitou de sua falsa morte para montar sua agência ilegal de detetives em outro lugar, antes que descobrissem o esquema do Concurso Público.
# LOLLIPOP arranjou outro detetive para fazer o trabalho por ele. Casou-se e teve um filho chamado Pushpop.
# O FILHO DO PREFEITO morreu para provar que estava vivo.
# O PREFEITO se separou da PRIMEIRA-DAMA e não se reelegeu.
# A LOIRA ESFAQUEADA continua morta.
# Ninguém sabe o que aconteceu com LASSIE, mas se sabe que nenhuma criança freqüenta mais o parquinho da praça da esquina porque tem uma caveira no escorregador.
# Já o GATO... Virou cantor de pagode, espalhou seu “Miau” para o mundo inteiro, mas ficou viciado em erva-de-gato e perdeu tudo.
# MORAL DA HISTÓRIA: Diga não às drogas (como essa história).