Antena
- Ta bom? – gritou ele lá de fora mexendo na antena.
- Não. – respondeu ela lá de dentro.
- E agora.
- Não.
- E agora.
- Também não. Vira para direita.
- Mas eu to virando para direita.
- Então vira para a esquerda.
- Ta bom.
- Não... A ê, a ê... Piorou. Volta um pouco.
- E a ê?
- Voltou de mais.
- Não adianta mexer, não vai melhorar.
- Adianta sim. Mexe. Já vai começar o programa. Vira para direita.
- Mas eu já girei para direita, para esquerda, trezentos e sessenta graus. Tudo.
- Para, para, para.
- Mas...
- Foi demais.
- Mas eu não fiz nada.
- Então faz de novo porque tinha melhorado.
Silencio.
- Volta um pouquinho.
- Eu vou entrar.
- Não.
- Ta frio aqui fora. Eu vou entrar.
- Não!
- Como assim não? Eu tenho que descansar amanhã eu pulo cedo.
- Se não deixar o canal limpinho não vai entrar.
- Não to entendendo.
- Enquanto eu não conseguir ver a cara do mocinho você não entra.
- Mas ta serenando.
- Então mexe ai.
- Mas eu já mexi.
- Mexe mais.
- Elaine.
- Ninguém mandou você ser mão de vaca e não colocar a TV a cabo.
- O sinal aqui é ruim.
- Garanto que pior do que ta agora não é.
- Mas Elaine...
- Mexe.
Silencio.
- Pra direita. Devagar. Devagar. A ê, A ê... Ficou ruim de novo.