A incrível história de Cyro
Cyro tinha uma dor de cabeça crônica. Não se lembrava mais quando começou, mas a dor de cabeça dele não passava nunca. Não era uma dor tão forte que não pudesse suportar, mas era uma dor persistente que o incomodava dia e noite, semana após semana, meses e meses, anos após anos e nunca passava.
Resistiu bravamente por anos a fio, mas chegou um momento que não dava mais para suportar, não conseguia mais trabalhar, não conseguia mais dormir, não conseguia conviver com amigos pois não tinha mais paciência. Procurou por dezenas de médicos, especialistas em vários recantos do país, mas nada conseguiu eliminar sua dor de cabeça. Até que um dia foi encaminhado para um especialista que era o mais renomado do país com a informação de que se esse não resolvesse, podia sim desistir, pois ninguém seria capaz de resolver.
Passou por uma bateria de exames torturantes, infindáveis entrevistas até que finalmente chegou o dia em que o especialista daria um diagnóstico definitivo.
Calmamente o especialista lhe comunicou que o problema estava numa inexplicada pressão anormal e contínua que ele apresentava nos testículos e que a única solução viável seria a castração, a extração radical desse órgão genital. Seria uma cirurgia relativamente simples, embora bastante radical, e seria a única forma de se ver livre daquela dor de cabeça. Cyro teria que escolher entre continuar convivendo com essa dor de cabeça, ou renunciar a sua masculinidade.
Ponderou que Cyro não era mais uma criança, e embora ficasse impossibilitado de ter filhos poderia levar uma vida relativamente normal sem dor de cabeça. Depois de muita indecisão e muito sofrimento Cyro decidiu fazer a cirurgia. Sabia que depois da cirurgia a sua vida seria outra. Estaria livre da dor que o acompanha há anos, mas também deixaria de ser o mesmo homem.
Após uma cirurgia, Cyro saiu do hospital com uma sensação estranha. A dor de cabeça desaparecera como por um encanto, sentia-se livre e leve como um passarinho, mas ao mesmo tempo o fato de saber-se castrado lhe causava um sentimento de tristeza e um vazio invadiu a sua alma. Perdeu interesse pelas mulheres e passou a evitar contatos sociais.
Deprimido, ficou vários dia trancado em casa, mas graças a conselhos de alguns amigos passou a fazer terapia com um psicólogo e conseguiu criar um pouco de ânimo e sair de casa.
Um dia, resolveu passear pelo Shopping, comprar roupas novas e começar uma nova vida. Entrou numa loja falou com um vendedor que desejava renovar o seu guarda roupa. Para sua sorte encontrou um vendedor campeão de vendas, apaixonado pelo seu trabalho e que era reconhecido como o melhor vendedor de roupas da cidade. Sabia de tudo a respeito de roupa masculino. Ele era tão bom que só de olhar para o cliente sabia não só o tipo de roupa que lhe caia bem, mas também tamanho exato da roupa que deveria usar. Surpreendeu o Cyro adivinhando seu gosto, e o tamanho da camisa, calça, sapato, paletó, cinto, tudo tudo. Disse que há mais de 20 anos que trabalhava no ramo e jamais tinha se enganado com o tamanho da roupa de seus clientes.
Cyro acabou ficando fã daquele vendedor e comprou de tudo que poderia imaginar. Na saída lembrou-se de pedir uma cueca que estava acostumado a usar e foi aí que aconteceu a tragédia. O vendedor trouxe cueca do tamanho “M”, e estava errado. Cyro sempre usara cueca do tamanho “P”.
Quando Cyro explicou que o tamanho certo era o “P” o vendedor argumentou que não era possível, que o tamanho tinha que ser “M”. Mas o Cyro explicou que há anos sempre usou cuecas de tamanho “P” e não seria agora que iria mudar.
Ao que o vendedor retrucou. Tudo bem, o freguês é quem manda e vou mandar buscar o tamanho que deseja, mas lembre-se que querendo trocar é só trazer a nota fiscal. Digo isso porque eu sei que vai querer trocar, pois usando cueca deste tamanho vai ter uma dor de cabeça insuportável.