O Fantasma Banguelo - In Contos sem data

Tudo flores, a vida bela, o casamento feliz de duas almas gêmeas, a casa bela, espaçosa, piscina logo ali.Felizes os numbentes. O Amor é belo.

Para o casal recém-casado, de pouco tempo, aindamente, tudo era motivo de risos, alegrias, de estar de bem com a vida. Ambos,na casa dos vinte e poucos anos; ricos financeiramente, ricos de amores. Amavam-se, é verdade. O casamento era como um brinquedo novo que tinham acabado de ganhar e aproveitavam-no ao máximo, por isso, no porém das vezes, o marido feliz gostasse, amasse o fazer brincadeiras com a esposa; vezes, trocava o guaraná dela por água e lá deixava na geladeira a esperar a reação dela, quando o tomasse; vezes, escondia o óculos dela e, depois, devolvia-o ao mesmo lugar, somente para poder brincar com ela.

- O que você está procurando ? - perguntava ele interessado.

- O óculos. Eu juro que deixei aqui.

- É, mas não está.

- Mas como pode, meu Deus, eu não sou louca. Eu sei que deixei o óculos aqui.

- Quem sabe, meu bem, você não deixou em outro lugar ??

- Impossível, mas em todo caso...

E saía a procurar por toda a casa; o marido rindo da busca-dela. Assim

que ela desistia, ele devolvia o óculos ao mesmo lugar em que ela havia

deixado.

- Não é possível. Onde mesmo, você disse que deixou o óculos ??

- Na estante de livros.

E ele fingindo surpresa:

- Você está doida mesmo, hein ? ?. Olha o óculos aqui !!.

- O quê ???. Cadê ???.

- Olha.

Ela ve o óculos e fica a refletir : " deixei ou não deixei ", contudo

recuperando o raciocínio, logo adivinha :

- Foi você que escondeu e o colocou de novo, não foi ??.

Ele, apenas ria, ria.

- Doidinha, vem cá. Me dá um abraço.

Abraçavam-se.

Certa noite, porém, o marido resolve fazer uma brincadeira mais radical

com a esposa, quando ela, já preparada para dormir, apaga as luzes

do quarto, ele coloca a máscara de um zumbi, chegando por trás dela

berra em tom cavernoso, a esposa pula de susto e ao virar-se vê aquilo e gesto instintivo dá-lhe um soco tão grande e pesado, que a ele parece explodir-se uma granada em sua boca; o soco de tamanha força o derruba ao chão, sentado ele grita :

- Ai, meu Deus, meus ricos dentinhos...Mulher de Deus, o que foi isso ?

- Ah, sua besta. Só podia ser você mesmo.

- Me ajuda, mulher !!.

A esposa o auxiliou, levanta-o do chão, tira a máscara e a imagem que se lhe apresenta é risível : o marido cutucando alguns dentes bamboleantes na boca, quatro dentes da frente a balangarem incertos quase a cair. Isto vendo a mulher começou a rir, a rir e a rir. O marido começou a resmungar uma resposta nervosa :

- Para com isto. Meus dentes estão...

Nisto ele engasga, caíram-lhe os dois dentes da frente e para não engoli-los, cuspiu-os longe. A mulher, agoramente, de camarote assistindo a tudo aquilo gargalhou, dessas gargalhadas intermináveis

que fazem a gente derramar lágrimas de tanto rir. E rindo foi que a mulher deitou na cama e rolou de muito a rir. Riu, riu tanto que:

- Ops !!. Acho que me mijei toda !!! - súbito para de rir.

O marido vendo aquilo passou da raiva ao riso e sem vergonha de ser feliz soltou uma sonora gargalhada:

- Ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah...

A esposa levantou-se e ,já, se dirigia rumo ao banheiro para a devida higienização, quando ouviu atrás de si outro engasgo. Eis que o marido engasgava novamente, virando-se ela, ainda, teve tempo de ver o marido cuspir mais dois dentes ( aqueles outros que lhe sobrara na frente ). Olhando para o cháo os dentes do marido e, seguintemente, para a boca feito portas escancaradas de todo banguela na frente,co-

meçou, novamente, a rir. O marido reclama numa voz chiante :

- Você não sabe brincar mesmo, hein ??. Olha o estrago que você me

fez. Quase viro um fantasma com o seu soco. Pior ainda, eu seria o primeiro fantasma banguelo. Já pensou ?? Fantasma banguelo num dentista ??

A esposa gargalhou, gargalhou tanto que chorava e se mijava toda; o marido vendo tal quadro inesquecível, pensou em filmá-la para expô-la no depois aos amigos, todavia não pôde porque ele próprio uniu-se à

esposa e juntos gargalharam, por motivos diferentes, é lógico.

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 13/11/2012
Reeditado em 01/12/2012
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