ATÉ MEXICANO CHORA

Na semana passada (24/10/2012) recebi um e-mail de um amigo que está morando no México. Fiz-lhe uma pergunta:

- Já se acostumou com as comidas apimentadas?

Isso porque quando trabalhávamos na mesma empresa, ele era bastante comedido com a alimentação.

Essa pergunta me lembrou de um acontecimento na família. Era dia do aniversário da Mamma, mesmo sendo descendentes de italianos, naquele dia, como em quase em todos os aniversários, o almoço sempre foi churrasco, pois aproxima mais as pessoas e dá uma folga para as cozinheiras.

Antes do churrasco, propriamente dito, sempre há os aperitivos (berinjela, sardela, batatinha, maionese, etc.) cerveja e caipirinha. De forma marota entre os aperitivos havia um vidro de molho de pimenta que meu sobrinho trouxe de Nova Orleans, onde estivera na semana anterior. Aquela caveira que assinala “perigo” estava no rótulo do frasco. Pensei: “Que desenho estranho para uma iguaria”. Embora escrito em inglês, li atentamente e entendi que aquele molho era elaborado com as quatro pimentas conhecidas mais fortes do mundo e recomendava não diluí-lo. Lembro-me apenas que os continentes americano e asiático estavam presentes. Abri o vidro e não havia dosador, não gotejava, deveria ser pego com algum utensílio, uma colher bem pequena ou uma espátula muito pequena também. Toquei com a ponta de um palito e coloquei na língua. Foi o suficiente para queimá-la e o gosto se espalhar a ponto de escorrer o nariz. Não vou por nem por as iniciais do palavrão, mas pensei: “Muita gente vai chorar hoje, amanhã e depois e quem sabe depois ainda”. Por precaução avisamos o pessoal do “poder de fogo” daquele molho.

Um primo chegou, este é um verdadeiro glutão. Para não passar vergonha costuma almoçar ou jantar quando vai a uma festa, mas como era de parente e todos conheciam a sua fama, foi em “jejum”. Sobre o braseiro estavam as duas peças inteiras de costelinha de porco, ainda cruas.

- Vai demorar a assar essas costelinhas? Perguntou já se babando.

Quando uma das costelinhas ficou dourada eu fui servir os mais idosos e não sobrou para ele, mas ainda havia a outra parte e coxas e sobrecoxas de frango, alem da carne bovina.

- Prá mim nada?

- Aguarde só um instante que seu prato já será servido.

Preparamos o prato dele com costelinha e coxas de frango e colocamos o vidro de pimenta com a caveira do rótulo não visível.

- Aqui está seu prato, afobadinho. Há até uma pimentinha das boas, já que você é fã de pimenta.

Ele apanhou o vidro, abriu, e jogou sobre a coxa a ponto de cobri-la toda. Quem conhecia o poder de fogo, enrugou o rosto e ficou atento. Como um troglodita, ele deu uma bocada na coxa. A pimenta deve ter atingido toda a boca, inclusive o palato. A reação foi imediata. Levou a mão à boca, saiu da mesa tossindo, cuspiu na grama e correu para o banheiro lavar a boca. Pouco adiantou aquela atitude. O rosto ficou vermelho (não sei se foi o efeito ou raiva). Olhos e nariz escorreram e depois de pronunciar um palavrão disse:

- De onde veio essa pimenta? É a pimenta mais forte que já provei. Sorte eu não ter engolido. Chega de pimenta por hoje, meu!!!

Essa passagem sempre é lembrada quando há um churrasco, mesmo que ele não esteja presente. Eu mesmo, qualquer que seja a marca, provo antes, pois pode ser uma pegadinha com a “terrível” em outro frasco. Depois desse acontecimento eu zapeava a TV e eis que aparece uma entrevista com um especialista em pimentas. E ele mostrou uma pimenta natural da Amazônia, dizendo ser aquela a pimenta a mais forte conhecida por ele e disse:

- Com esta pimenta... até mexicano chora!!! Rsrsrsr!!!

Obs. A região amazônica não estava relacionada naquele frasco. Fico só imaginando se estivesse naquele molho. Mamma mia!!!

SANTO BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 01/11/2012
Código do texto: T3963527
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.