AO INVÉS DE MEDALHAS...ORELHAS

O que fazer quando queima a resistência do seu chuveiro? Trocá-la, é óbvio. E foi o que eu quis fazer, já que é tão simples. Meti a chave de fenda no parafuso e fui jogado da escada contra a parede. Sorte que o banheiro era tão estreito que a parede serviu de escudo. Eu tinha me esquecido de desligar a chave geral. Mereci um par de orelhas, aquelas orelhas grandes e peludas, orelhas de burro mesmo. Hoje procuro alguém que faça isso, ainda bem que no condomínio onde moro, há uma pessoa que faz esses serviços gerais de eletricista, encanador, pedreiro, pintor etc. Nessa mesma época que tomei esse tremendo choque, aconteceram dois episódios dignos de uma grande comédia, aliás, a vida é uma grande comédia, se não fosse, riríamos de que? Seríamos hienas? Lembro-me bem de uma piada do Juca Chaves sobre esse espécime: animal que come carniça, fezes, faz sexo uma vez por ano e vive rindo. Rindo de que?

Eu tinha fraturado o tornozelo esquerdo e encontrava-me com uma bota de gesso até o joelho. Caminhava de muletas, não podia apoiar o pé, pois era recente. Assim eu tinha que ficar 45 dias sob o risco de deslocar o pé e ter que colocar pinos. Foi aí que aconteceu o inimaginável. Queimou a lâmpada em cima da mesa de jantar e não havia luminosidade suficiente para jantarmos. Para fazer um jantar romântico não dava, pois faltavam as velas. Solicitei a minha esposa que trocasse a lâmpada.

- Não, eu tenho medo do foguinho. Fico sem jantar, mas com foguinho eu não mexo.

Não me restava alternativa. Eu teria que trocar a lâmpada. Mas como subir e ficar apoiado em cima da mesa feito um saci? Foi difícil, mas consegui. Como? Nem me lembro. Ainda bem que não aconteceu nada. Cheguei a pensar que merecia com dignidade uma medalha, mesmo que fosse um latão.

Pela manhã fazer a higiene era outro problema. Eu me arrastava num tapete até o banheiro, já com o pé guarnecido por um saco plástico. Para o banho, eu me apoiava na torneira do chuveiro. Tudo tinha que ser feito com muita pressa, pois a esposa tinha que, em seguida, tomar banho para ir ao trabalho. E foi no dia seguinte ao episódio da lâmpada que um dos pneus do carro dela estava murcho. Ir ao trabalho com o meu era impossível, pois se encontrava na frente do dela. O “saci” tinha que fazer o serviço ajoelhado. Os macacos de levantar carro eram os piores possíveis, mas consegui com muito custo trocar o pneu e minha surpresa veio logo que baixei o macaco. O pneu estava murcho. Eu tinha colocado o mesmo pneu que tirara. Surtei e gritei.

- Me dê as orelhas, o burro aqui merece, me dê as orelhas!!!!

Apareceram alguns vizinhos e eu contei-lhes a história. Foram gentis, trocaram o pneu para mim e um deles me aconselhou:

- Você precisa de um macaco sanfona.

Esse macaco sanfona eu tenho até hoje como lembrança, se funciona eu não sei, mas que precisa passar por uma boa lubrificação, isso precisa, pois há muito não é usado, mas também não é muito prático, exige tanta força quanto os “micos”. Bom mesmo são os hidráulicos.

SANTO BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 26/10/2012
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