Dois irmãos gêmeos, bastante religiosos, formados conforme a orientação da Igreja Católica, celebravam o casamento no mesmo dia.
A alegria era total!
As coincidências também não eram poucas.
As duas noivas também eram irmãs gêmeas.
Os irmãos eram diferenciados por um sinal de nascença que Albertino tinha na perna direita; as duas irmãs possuíam vozes bem diferentes, pois Gabi (Gabriela) tinha uma voz horrível e Marcela era dona de uma voz melódica, que parecia vir dos Céus.
Já as vozes dos manos eram parecidas demais.
 
Durante a grande festa, apesar do catolicismo acentuado, todos exageraram no vinho, nas cervejas, nos uísques, nas pingas e similares.
A única bebida desprezada por todos foi o refrigerante.
 
Cerca de uma da madruga, no momento em que boa parte dos convidados já havia saído, houve um apagão no bairro.
Depois todos ficaram sabendo que o apagão atingiu toda a cidade.
Receosos os noivos decidiram aproveitar alguns quartos do local da festa, puxaram suas noivas e seguiram cada casal para um quarto respectivo.
Os quartos eram coladinhos. Tiveram dificuldade de encontrá-los, porém apalpa aqui, apalpa lá, os casais finalmente adentraram os seus aposentos.
De manhã todos seguiriam numa viagem animada rumo ao Caribe.
 
Pedro José sentou silencioso e aguardou o ritual que todos os casais de sua família adotavam implacavelmente.
Que ritual?
Antes do intercâmbio sexual, estando bêbados ou não, o marido sentava na cama calado aguardando a esposa efetuar uma oração rogando bênçãos e proteção.
Depois dessa oração, os casais se sentiam livres para “brincar” à vontade.
Gabi iniciou a oração muito concentrada.
Pedro José quase gritou assustado.
Ele era casado com Marcela.
As orações as quais estava acostumado a ouvir soavam maravilhosas.
As frases pronunciadas por Marcela, antes dela curtir a ”brincadeira”, na condição de noiva moderna que não espera a primavera para entregar a flor, deixavam Pedro José sempre querendo escutar mais e mais.
Nada tinha a ver com aquele ruído o qual lembrava uma vitrola quebrada que decidiu repetir a pior parte do disco!
 
Percebendo a troca, a solução imediata era fazer a destroca.
Imediatamente foram bater à porta do quarto ao lado.
Provavelmente todos estariam no corredor, pois assim que Albertino (Tino) escutasse a voz de Marcela orando, também desejaria logo desfazer a confusão.
 
No corredor não encontraram ninguém e quase não encontram a porta do quarto.
Pedro José bateu umas seis vezes, porém lá dentro ninguém respondia.
Será que adormeceram imediatamente? Pensou Pedro José.
Ele estranhou essa possibilidade, pois o irmão, Albertino, era muito fogoso.
Dificilmente ele toparia dormir sem praticar sexo.
 
Albertino abriu a porta apenas de cueca, com o cabelo despenteado. Obviamente que Pedro José não percebeu isso, pois a escuridão não permitia.
Ele também não notou sua esposa no canto do quarto, enrolada num lençol, querendo entender aquela visita inesperada.
_ Qual é, Pedrão? Algum problema?
_ Tino, você não sabe o que aconteceu! Nossas mulheres estão trocadas, você está com a Marcela e eu estou com sua Gabi. O velho hábito de orar antes da brincadeira foi providencial, mano!
_ Hábito de orar antes da...? Oh, Pedrão! Eu e Gabi, que agora estou sabendo ser a Marcela, pulamos essa parte!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 26/10/2012
Reeditado em 26/10/2012
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