Qual é a resposta?
Professores deveriam ganhar como os jogadores de futebol, ser admirados como famosos da TV e ter a paciência como a de um monge.
Na sala de aula, durante uma prova.
- passa cola, passa cola. – sussurrou.
O da frente fingiu que não ouviu e seguiu fazendo a prova. Então ele tentou o do seu lado direito.
- Ei!
Silencio.
- Psiu... Ei!
A professora olhou, ele se voltou rapidamente para a prova, abaixando a cabeça como um médium, prestes a receber um espirito, que ao menos fosse bom em matemática.
Silencio.
- Oh!
Silencio.
- Piter!
- Oi.
- Qual é a resposta da quatro?
- Quatro.
- É. Qual é a resposta?
- Quatro.
- Isso da quatro.
Novamente a professora voltou o olhar pra ele. Que repetiu o movimento mediúnico. Piter se virou de uma maneira que mesmo estando ao lado dele, parecia estar de costas. Agora só restava ajuda do colega do lado esquerdo. Já que ele sentava na ultima carteira. Atrás dele só a parede. Que talvez soubesse mais a matéria do que ele, já que assistia à aula desde que tinha sido erguida. Voltou-se para a sua ultima esperança.
- Marina. – sussurrando.
Silencio.
- Marina.
Silencio. – Olhou para frente para ver se a professora estava olhando. Não.
- Me ajuda Marina.
- O que você quer?
- Só quero a resposta.
Só?
- De qual?
- De qualquer uma.
- A 3 é a A.
- Tem certeza?
- Poh além de eu estar passando cola você ainda quer que eu tenha certeza?
- Ta bom, desculpa. Desculpa. Qual é a resposta da 4?
- A.
- E da 5?
- A.
- De novo?
- Sim.
- Mas três respostas A de uma vez?
- Sim.
Silencio. Virou para o lado e voltou a tentar chamar o Piter.
- Piter. – sussurrou.
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Depois de terminar uma prova de múltipla escolha, todos tem a mesma reação: termina e fica esperando no corredor para comparar as respostas.
- E aí, o que você achou?
- Achei mais ou menos, só fiquei com duvida em duas. E você.
- Eu também, fiquei com duvida em duas. 3 e 5.
- Nas mesmas que eu. O que você colocou na 3?
- D, e você?
- D, também. E na 5?
- C, e você?
- C. Opa, acho que acertamos.
Chega mais um que terminou a prova.
- E aí?
- Nossa, tava muito fácil.
- É, tava mesmo. – os dois falam juntos.
Silencio.
- O que você colocou na 3?
- E.
- E?
- É, E. E vocês?
- D.
- D também.
- E na 5?
- A.
- A?
- Mas A?
- É. A. Porque, o que vocês colocaram?
- C.
- Mas não tinha nada a ver com C.
- Nem com A.
- Acho que você errou.
- Porque eu? Acho que vocês que erraram.
- Você estudou?
- Não.
- Não.
- Então.
- É, acho que ele acertou.
Chega mais um sobrevivente.
- O que você colocou na 3.
- B.
- B?
- Não tem como ser B.
- Eu não estudei, mas sei que não é B.
- E na 5.
- F.
- F? – Os três falam em uníssono.
- É, F.
- Mas nem tinha F.
- Não, tinha na de vocês. Na minha tinha.
- Como assim na sua?
- Tinha quatro modelos de provas.
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Depois da aula todos saem, menos Jaderson.
- Professora.
- Pois não.
- Acho que não da mais.
- Não da mais?
- É não da mais. Os outros alunos estão começando a ficar com ciúmes. É melhor pararmos por aqui.
- Pararmos por aqui?
- Sim. No começo vai doer porque nos vemos todos os dias, mais aos poucos vamos nos acostumar. Se a senhora preferir posso pedir para os meus pais me mudarem de escola. Invento uma mentira. Sou expulso.
- Ser expulso, não precisa fazer isso.
- Se for pra senhora não sofrer eu faço.
- Eu não estou entendendo.
- Estamos sozinhos aqui. Todos já foram. Pode agir normalmente.
Silencio.
- Não é que eu não ame mais a senhora, mas é que acho que somos muito diferentes. Temos essa coisa da diferença de idade, que é claro que não chega a ser um problema, mas eu tenho muito pela frente, sem querer ofender.
Silencio. A professora segue sem entender. Ele vai até ela. Da um beijo na testa dela e sai.
- Espero que isso não interfira na minha nota, não posso ficar de recuperação se não meus pais não vão me levar para Disney. – fala e sai.