A lição da Aninha

Essa é do tempo da onça, mas vale a pena lembrar.

Aninha tinha um problema.

Fazia várias semanas que estava na mesma lição e não conseguia passar.

“B”-“A” ba, “B”-“E” be, “B”-“I” bi, “B”-“O” bo, “B”-“U” bu.

“C”-“A” ca, “C”_”E” ce “C”-“I” ci, “C”-“O” co. Até aí ia muito bem.

Mas para Aninha, pudica como ela era como poderia ler “C”-“U” cu? Só de pensar ficava toda vermelhinha. Todos os dias quando a professora ia tomar a lição ela inventava uma desculpa para não ter que ler a lição.

Mas chega um dia em que toda a paciência chega ao fim e sua mãe lhe deu um ultimatum. Você vai ler a lição sim senhora, e vai ser amanhã. Quando a professora te chamar você vai soletrar direitinho, que eu sei que você sabe. Se você não ler, quando chegar em casa vai apanhar tanto que você não vai mais nem se lembrar do próprio nome.

E agora? Aninha não tinha mais escapatória.

No quarto, antes de dormir , com a cartilha na mão Aninha soluçava. Não via saída para a sua agonia. Nem em voz baixa, dentro do próprio quarto ela não conseguia pronunciar aquela palavra. E estava desesperada.

Uma lágrima brotou dos seus olhos, rolou pelo seu rosto e pingou sobre a cartilha aberta. Assustada, Aninha rapidamente esfregou o braço para enxugar a cartilha. A gotinha, caprichosamente havia pingado sobre a palavra “CU”. Molhada e esfregada pelo braço da Aninha, o papel cedeu e a palavra ficou meia apagada. Foi isso que deu a ideia a Aninha, que rapidamente pegou um gilete e raspou toda a palavra.

No dia seguinte Aninha soletrou tranquilamente toda a lição: “C”-“A” ca, ”C”-“E” ce, “C”-“I” ci e “C”-“O” co. Aí a professora retrucou: Não está faltando alguma coisa?

E a Aninha respondeu: Tá não fessora, é que o C U - cu tá raspada.