CAVALO DO .. BRANCO
CAVALO DO ... BRANCO
Este fato aconteceu em uma cidade vizinha de Calambau. Poderia ser Senador Firmino, Piranga, Brás Pires, Paula Cândido, Porto Firme ou Senhora de Oliveira. Conto o milagre, mas não conto o Santo.
Nessa pequena cidade. Ôpa! vou tirar a "pequena" porque o Maurício, logo dirá: Piranga não é, porque Piranga é grande! Vamos de outra forma: Nessa cidade havia um fazendeiro que se gabava de possuir os melhores cavalos da região. Ninguém mais aguentava ouvi-lo elogiando os seus cavalos. Certa vez, correu notícia nessa cidade que, em Ubá, existia o melhor cavalo da zona da mata. Não é que o Sr.Benevides, assim era o nome do fazendeiro, resolveu ir até Ubá para comprar o cavalo? Foi lá umas três vezes e não conseguiu comprá-lo. Voltou para casa, vendeu dez vacas, apurou o dinheiro, voltou a Ubá e fechou o negócio. Trouxe o cavalo em um caminhão. Na chegada à cidade foi aquele foguetório.
Na manhã seguinte, ali pelas nove horas, o Sr. Benevides desfilou pela cidade no garboso alazão para alegria de uns poucos e tristeza da maioria dos habitantes daquela cidade. Todos os dias, era a mesma coisa: naquele horário, havia o desfile do cavalo pela cidade. No terço das dezoito horas, na missa aos domingos, nos batizados, casamentos, comícios ( ele era do PR), sempre estava o Benevides com o seu cavalo.
A população já não suportava mais as exibições do cavaleiro e do cavalo. O Conegundes, era o que mais sofria, pois sendo sua fazenda próxima à do Benevides, sempre que este ia à cidade, parava em sua casa, fingindo estar com sede, e aproveitava a ocasião para falar das "qualidades" do cavalo.
Em toda cidade existe determinada pessoa que vive calada, meditando e, sempre que convidada a opinar, emite opiniões sensatas. Era o caso do Honorato. Procurado pelo Conegundes, que lhe expôs o que estava acontecendo, o Honorato meditou um pouco e disse: -Olha Sr. Conegundes, o negócio é investigar o cavalo e verificar se ele tem algum defeito, alguma barda...Depois da descoberta é sair por aí espalhando o seu defeito.
Assim fez o Conegundes. Arranjou alguns verdadeiros 'investigadores' para descobrirem os defeitos do cavalo. Verificaram se ele era bom para deixar pegar; se era passarinheiro (esta é para deixar o pessoal da cidade encucado...); se era chegado às éguas (era inteiro); se dava garupa; se boleava, etc. Depois de um certo tempo, os "investigadores" desistiram. Não descobriram nada que desabonasse o cavalo do Benevides.
No final das contas, tudo voltou ao normal e ninguém mais se preocupou com o cavaleiro e o famoso cavalo, até que, certo dia, tendo o Conegundes ido à cidade em companhia de seu neto de seis anos, para fazer compras, eis que passa na rua o Benevides no seu cavalo. O Conegundes já estava entrando no mercado ( para os habitantes daquela cidade era supermercado...) quando o seu neto, que ficara na porta vendo o lindo cavalo, gritou para o seu avô:- Olha Vô, o cavalo do Sô Benevides tem o ... branco! O Conegundes mal acreditava no que o neto dizia. Correu para a porta do mercado a tempo de ver o cavalo com o rabo levantado e expelindo a última bola do seu bolo fecal, e ainda dando tempo de verificar a cor do seu ... A notícia se espalhou, de repente, por toda a cidade e região. O Sr.Benevides teve que vender o cavalo pois não aguentava mais o pessoal gritando:-Olha o cavalo do ... branco! Quando passava em frente à escola a meninada não perdoava.
Até hoje, o neto do Conegundes não sabe porque o seu avô lhe dera de presente uma bicicleta novinha, não sendo data de seu aniversário e nem natal. Logo ele, que era um “munheca de samambaia” !
E a cidade voltou ao ritmo normal.
Murilo Vidigal Carneiro.
Calambau , 04 de agosto de 2.012