-PÉGA, QUE É MARIDO!

A conversa fluía por ali, algo descontraída, num desses momentos de cafezinho contemplados por qualquer empresa.

Aliás, abro um parênteses para o cafezinho porque dizem que numa empresa, o funcionário faltoso mais notado é o que faz o cafezinho.

Portanto, absolutamente ninguém faz mais falta que o dono do cafezinho na estrutura hierárquica duma empresa de gente faltosa.

Faltou, se notou! É batata.

E ali, na hora dum rápido encontro social duns dez minutos, pude anotar a conversa que girava em torno da mulherada, digamos, algo sozinhas e mais maduras...aquelas um pouco acima dos trinta.

Ah, claro que me seria impossível ouvir o que ali se falava sem anotar o curioso na minha memória para depois lhes reescrever os pormenores sociológicos daquelas candidatas infindáveis aos infindáveis casamentos de época...os de antigamente!

É incrível!

Essa coisa de dizer que mulher moderna não quer se casar, ara, bobagem das grandes!

Tudo conversa! Quer sim e sempre à moda da época bem passada...nem que for para durar apenas os próximos segundos.

Em pleno século vinte e um, nesses incríveis e modernos dias de hoje, basta uma ameaça de solteirice, ara, parece doença, toda mulher foge dela. Não importa o preço a se pagar, o candidato a marido nem precisa estrar em liquidação! A princípio, apenas.

E foi assim que alguém nos dizia:" imagine, nos conhecemos, logo rolou um clima, "convidei ele" pra cozinhar lá em casa e fui trabalhar. Quando cheguei, nem a água do macarrão ele tinha colocado no fogão! E ainda me justificou: Ah Mô, tava te esperando chegar, é que tenho uma dorzinha aqui na coluna...".

E alguém perguntou:" e você vai ficar com ele, aquele traste?"

A resposta: "claro que não, eu queria um marido, não um paciente, ainda mais um de coluna!".

Incrível, me choquei com o fato de como a mulherada anda exigente hoje em dia...o produto pode estar em falta mas a exigência continua acirrada.

E acreditem, os homens estão mais exigentes ainda, o que dificulta as relações de "conveniências".

Deduzi isto quando uma outra falou, com toda a cátedra profissionalizante no assunto, algo de fazer inveja ao melhor estudante de ciências humanas deste mundo "punk":"olha gente,tem um "bar single" no hotel tal, frequentado por "gente da alta", mas se for da profissão tal e tal, ah, tratem de olhar com lupa e escolher a dedos! Senão será fria na certa! "

"Isso sem contar que lá primeiramente os homens nos perguntam se temos casa própria, emprego garantido, carro e filhos! Não mintam!

E se fizermos uma boa pontuação ainda temos chance na maratona da concorrência "péga -marido"!".

Gente que mundo! Hoje em dia , nessa crise toda, ainda é muito mais difícil vaga garantida na corrida para arranjar marido do que na maratona de vaga empresarial para as solitárias balzaquianas.

Que mundo concorrido esse depois dos trinta!

Marido agora só se "péga" na corrida tipo revezamento quatro por cem! Nunca cem por cento, obviamente.

Triste.

Eu que pensava que em tempo de mensalão se gritarmos " péga- ladrão" a correria não pouparia um sequer, qual!- se a modalidade for correria... pernas pra que te queremos!? temos concorrência olímpica no pedaço.

Se gritar "péga-marido!", as mulheres correm para um lado...e os homens correm para outro...para bem longe dali!

Já se o verbo for "segura-marido!"...esqueçam!

É para nunca mais!

O "home" disparará para todo o sempre...