Cotidiano
Ele passou o dia todo procurando emprego, mas, em vão. Apesar de ter ido a todos os lugares possíveis, infelizmente, não encontrou uma porta sequer aberta para ele. Por isso, estava triste. Deprimido. Há muito, sua vida se transformara em uma procura incansável por um emprego. Uma procura sem fim.
Todos os dias, logo de manhã, saía de casa em busca de emprego. Saía de manhã e voltava à tarde. A cada dia, suas esperanças iam ficando cada vez menores. A cada dia elas iam se perdendo. Neste dia, parece que as ultimas gotículas de esperança se esvaeceram. Perderam-se.
Cansado, senta-se em um banco qualquer da praça. No bolso, quarenta reais, amassados, desgastados. Os últimos. O ultimo dinheiro que tem. Todas as suas economias resumidas há quatro notas de dez reais amassadas.
Desanimado chora baixinho. Engole as lágrimas para que os transeuntes não o vejam chorar.
Uma mulher senta-se ao seu lado, e, antes que ele perceba sua chegada ela toca em seu braço.
- Quer fazer um programa? – pergunta ela
- Não. – responde sem olhá-la.
Ela se levanta e sai. É quando ele se dá conta de onde esta. O problema é que não tem forças para levantar dali. Esta cansado. Exausto pelo dia que tivera. Quer deitar por ali mesmo e dormir. Morrer se fosse possível.
De repente outra mulher chega próxima a ele.
- Quer fazer um programa? – pergunta.
Ele coloca a mão no bolso, pega o dinheiro e, por um instante, pensa. Pensas na sua vida. Na situação em que esta vivendo. Dane-se tudo, pensou. Então olha para mulher e diz:
-Quero! Quero sim! – se levantando segura nos braços da mulher, olha nos seus olhos e diz – Mas tem uma coisa que você precisa saber.
- Diga querido! – respondeu ela com todo amor para dar, ou melhor, vender.
- Cobro 150 reais.
Marc Souz (escritor)