Abertura de crédito. Stand-up
...Um homem pede crédito, mas a carência o condena. O gerente impõe rigor, sai sempre na frente com uma observação preliminar implacável: quem tem é que leva. Por dentro você remói a duvida financeira como numa oração secreta de socorro: Ó pequeno Deus, ajudai-me numericamente!”. A prece desempenha papel importante no alimento da economia. Foi o disse o gerente para conferir a questão um tom leigo. Ia dizer: o mundo desempenha um papel importante, porém gerente sempre prefere o silêncio. Quer morar na paz líquida do silêncio. Todo ser humano devia nascer com economista assim como nasce com o santo do dia.
Sobre aquela amante financeiramente ninfomaníaca, economista de profissão, sucedia que após o sexo exclamava feliz: ah! Lindo refluxo do creditado na manhã cálida da contraprestação. Depois pulava da cama, altruísta: Vou-me embora para o centro urbano plantar salários entre devaneios e conceitos. Vou “buscar o dinheiro!”.
Eis o destino bíblico da humanidade. Pois os destinos traçam caminhos em busca da vida econômica, resguardando a esperança, mesmo que vã do saldo qualquer. Mas o que é vida econômica? Respondam todos com o silêncio detido nas máximas: ora, quem sabe jamais explica. Por que cobraram a mais? A vida é simples como os arranjos florais da sala obtidos no jardim.
Crédito mede a liberdade. Empreste um cartão de crédito para um mendigo desconhecido e observe o que ele faz, o que ele compra, como se dedica a tal complexa mudança. O governo tira o cartão de "crédito vida" de todos, na fonte e ainda cobra IR sobre quem adquiriu alguma coisa. Isso é crédito democrático? Sem a hipótese do risco a experiência do dinheiro para todos seria vulgar demais. Dá raiva ouvir isso... Todos querem o crédito? Vocês querem dinheiro?
A vida para a classe–média evita qualquer indício de raridade que não seja divina. Rico tem noção de raridade porque reconhece valor nos objetos raros. Oá... A classe-media evita valorizar até qualidade subjetiva. Caso contrário deixaria de ir ao filme do Batmam para evitar riscos. Droga. O tempo dos heróis passou...
De outra parte o crédito só é benção quando sobrevém da mentalidade nobre do tipo “anti-agiota” em todos os níveis: Municipais, estaduais e federais. Sujos juros, sujas taxas, emporcalhadas tarifas. Sempre tem aquela sigla autoritária explorando com grande felicidade o creditado.
Há quem desconfie do sexo do crédito. É que tem crédito ativo e passivo. Oá!
O ser humano está derretendo a calota polar produzindo riqueza apenas industrial, todavia com base automotiva, se isso quer dizer alguma coisa como lembrar a maioria de que é necessário limpar o sentido abstrato do ar que respiramos, bem como a água que estamos bebemos pouco inodora. O crédito humanidade devia estar limpo, ser saudável. Recentemente mudaram o código penal para evitar que certas plantas pelo menos não sejam danificadas pela lei. Um mínimo de crédito ao sonho baseado em tanto encarceramento.
Mas o crédito humanidade talvez faculte o crédito produtivo em algum tempo da existência. Esse crédito produtivo é o verdadeiro milagre do processo. Bancos pensam grande sobre os indivíduos. Pensem agora de olhos fechados nos indivíduos procurando crédito neste momento. O que ocorre? O dinheiro foge dos bolsos, desaparece. Esse tipo de coisa jamais deveria ocorrer porque um homem sem dinheiro é como soldado sem arma em meio a cruel batalha. Que tipo de coisa pode existir como “sistema” que reembolse o semelhante em meio ao milagre da novação após o consumo? Aliás, novação é a arte de morder novamente a presa ferida. É o indivíduo sendo garantia de fracasso de muitos para riqueza de poucos tristemente na moda. Vamos acabar com isto! Vamos aproveitar e limpar o oceano!
Outro dia o mendigo do bairro bradava como louco na esquina: “salve o capitalismo da ruína moral do consumismo!” O chamo de “Boudou” em homenagem ao cineasta Jean Renoir e expliquei a ele que comunismo não era o mesmo que consumismo. Replicou que era a tudo a mesma coisa. Todos os sistemas devoram a gente.
A miséria sofre apenas degradações conceituais. Deles dizem os técnicos “são assim porque o mundo se cansou da improbidade do creditado”. Estão rindo de quê? Compreendo: Notem que o dono de uma adega jamais chega a ter uma compulsão alcoólica por carência de vinho. Quem tem dinheiro fala de dinheiro e chuta o problema pra frente. Isso explica porque gostamos tanto de futebol.
Liga-se a TV e lá está aquela amante “ninfomaníaca economista" que bate na barriga, arrota considerações, acaba definindo a próxima hipótese catastrófica do jogo. Certa vez num programa televisivo revelou em cadeia nacional: “todo aquele que é da tribo jamais liga para o reembolsável.” Quer ver: “Tio, me empresta dinheiro, já peço dado! Depois os mesquinhos desaquecem a economia. Por que nunca circulam a moeda...
Na terra dos papagaios uns deixam a banana crescer, outros tocam a produção como já dizia o economista Roberto Campos: aonde tem bananeira não tem economia. Para quem sempre auferiu muito dinheiro a frase é dos frutais. Hoje se sabe que a revolução industrial não se deu na terra com olhos ecológicos. Portanto ao consultar um gerente leonino trate de estar bem acompanhado. Leve um economista à direita e um advogado à esquerda. Celebrem o contrato e ao menor erro você está ferrado. Pouco importa. Leve-o para passear, assistir filme “Karl Marx e o Crédito”. Dancem libando sobre as condições imediatas das cláusulas. Durma apenas pensando nisto: Ir ao banco não é o mesmo que refletir sobre o capitalismo.
Tem-se comentado ostensivamente que as qualidades físicas do crédito seguem aquém das qualidades da promessa. No fim quando não é tragédia é amor. Se a alma o crédito nasceu para debilitados para os bancos residirá sempre a virtude dos fortes. Crédito? Qual é meu? Suas qualidades intelectuais são boas? Nós amamos nossos clientes. Grande amor. Pois se é assim a cada dez anos todos os clientes desse banco receberão cinquenta mil “grátis” ou em ouro puro debitado na conta corrente. Isso sim é tesouro direto. Ganhará ouro a cada dez anos. Sinal real de grande afeto após tanta ilusão de carinho sobre a exploração vidente. Ora, você foi explorado tantos anos por nós, tomem de volta parte do nosso exorbitante lucro. Lucro científico. Eis cinquenta mil reais agora sem trema. Isso sim seria pensar no futuro de um cliente a beira do crédito num país tão rico de subsolo.
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Texto para show stand-up.