DE "CARMINHA" A "ODETE ROITMAN": A CRISE DOS VILÕES:

Em homenagem aos velhos e bons tempos das grandes vilãs:

Nestes atuais tempos de teledramaturgia sensacionalista, aquela que tenta prender o freguês a qualquer custo ainda que seja debochando da audiência garantida pelo "vale tudo" a ser encenado, é impossível não nos lembrarmos das históricas vilãs que marcaram a boa (e bem remota) época das NOBRES novelas brasileiras do horário nobre.

Ah, que saudade das vilãs inteligentes e convincentes de outrora...

De fato, não podemos negar que fazia tempo que o público brasileiro não se mobilizava pelas nossas grandes causas, e quão grande a causa da Nina para nós, não?

Afinal, diante de tudo, hoje não se pensa em outro problema a não ser resolvermos o problemão da Nina.

Aliás, eita que vingança pouca é bobagem...não?

Destarte, toda a Nação Brasileira na grande noite do último Sábado, depois de, dia desses, ter parado historicamente pelo resgate do Nacionalismo Desportivo via taça Libertadores da América, novamente parou toda a muvuca da vida social real para entender que desfecho daria Carminha à sua chatinha, mas poderosa e vingativa , enteada Nina... de figuração nada virtual.

Casual, eu diria. Não vivemos outras cenas por aqui...em plena tela da cidade grande.

E por falar em poder, qual seria o segredo poderoso da força daquela franzina mocinha, hein?

Pobre Jorginho, um homem daquele hoje totalmente "despadado".

Ó coitado, Seu Jorge sem espada...sucumbido de amor pela protagonista das horas de global e literal terror noturno...

"-Pelos poderes de greiscow!"-convém gritarmos em coro...

Mas é claro que a novela não poderia acabar como o povo, assim, num buraco tão profundo...correndo o risco de não ser bem enterradinha.

Que graça haveria em matar a Nina...aos poucos?

Ibope mesmo é matar cidadãos daqui e do mundo " a jato!" em plena luz do dia pelas ruas de São Paulo, sem nem adiantar chamar o Batman de Taubaté, muito menos os poderes de Nina que paralisaram a arma dos tantos matadores de AVENIDA BRASIL.

Matadores da paciência e da inteligência novelística do povo telespectador, inclusive.

E quem falou que vaso ruim quebra só de susto de ser enterrado vivo a esperar por um tiro seco no ar? Mas nem fazendo careta, ô Nina! Estamos todos treinadinhos!

Por aqui ninguém mais tem medo de nada, tudo virou rotina, muito menos medo de cara feia da mocinha e da boazinha vilã da mocinha.

Ara, decerto que não se faz mais, não apenas novelas como antigamente, mas também as grandes vilãs da maldade globalizada que coroavam a arte de escrever e encenar.

A Odete Roitman deve estar se movendo lá no buraco donde Nina saiu...

Uma pergunta não me cala:"como ela saiu de lá do buracão?- Ela fez rapel?"-Sugiro a tal modalidade desportiva para as nossas olimpíadas de "povo ao alvo". Tipo inclusão curricular na grade da violência, algo assim: como se sair sozinho ( e vivo!) dos buracos...que são muitos, sempre mais embaixo.

E hoje em dia, que coisa, até os capangas das vilãs das novelas estão despreparados para atuar...nem nisso acertamos mais!

A crise é feia mesmo, hein? É crise global mesmo!

Quero dizer, em épocas em que as grandes cidades brasileiras viraram "tálboa de tiros aos Àlvaros e Josés e Marias e etc...", nem Adoniran Barbosa perdoaria uma mico teledramatúrgico daqueles.

Haja peito do pobre povo minha gente!

E agora José, que a Nina acordou mas o mundo acabou?

Se bem que nisso somos bons: Hoje, entre nós, crianças bem pequeninas dariam uma aula de tiro e maldades a qualquer Carminha das vidas reais das nossas telinhas. Mesmo fora das escolas...são professores em violência.

Eu, sinceramente, achei o tal capítulo um mal exemplo à criminalidade disseminada, e explico: vai que a moda da novela pega-como é de costume pegar-e agora toda vilã passe a ser um exemplo de misericórdia a jamais ser seguido.

Ou todo potencial atirador ruim resolva fazer um bom curso de tiro...

Daí perderemos nossa atual identidade.

Em pensar que em tempos de tanta "paz social" alguns novelistas ainda acreditam que prestam bons serviços à nossa sociedade...

Esta minha última frase, saibam, talvez configure a única piada do meu pretenso texto de humor a antagonizar a nossa atual novela dramática, tão surreal e nada humoristica... que cursa pela nossa desnorteada "avenida Brasil".