"QUEM 'ADOA' AOS POBRES EMPRESTA A DEUS"...
— Então, cumá Joaninha, foi assim: eu ia andano, andano ali naquela ruinha da farmáça do Sô Bento e, de repente, debaxo do solão das trêis hora, tava lá as quato nota esparramadinha no chão: trêis de vinte, uma de déiz, pode um treim dês, sá?
— Setenta conto, cumá Creuza?
— Setenta mi’a fia! Mái me deu u'a dozinha de quem perdeu, sá...
— Eu tamém já achei uns cobre assim...
— Memo? E feiz o quê? Nunciou na rádia?
— Nunciá na rádia? Cê tá doida cumá? E o monte de sem vergonha que inha parecê, falano que era dono dos cobre? Pode não, sá!
— Então a cumá feiz o quê? Me dá u’a luiz móde vê que quêu faço tamém...
— Eu fiz foi uma adoação... Pro “Lar dos Pobres”... Diz que quem adoa aos pobre empresta a Deus, já viu falá isso?
— Ôpa, é memo! Adoar é bão memo... Vou adoar os setenta...
— Pro “Lar dos Pobres”, cumá?
— Não... Pra eu mema, eu tamém tô tão pobrinha, sá...